Tudo em meu redor
parece embriagado
os livros
os desenhos
e as palavras
o meu corpo pesado
e os poemas
embalsamados
dormem
sobre a secretária
como se fossem um
mendigo diplomado
o meu olhar
desassossegado
inventa candeeiros
de papel
com anéis de
tristeza
não existem
lágrimas que escondam a madrugada
nem lábios de
framboesa que abracem os meus braços de lata
o meu silêncio em
greve
o meu silêncio uma
videira acorrentada
aos socalcos da dor
o meu corpo ferve
como fervem as línguas de fogo que habitam os meus cabelos...
tudo em meu redor
morre
as plantas
as árvores...
e os pássaros sem
nome.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 25 de
Setembro de 2014
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