hoje
recordo as tuas mãos pigmentadas na insónia madrugada
sinto
dentro de ti um rio desnorteado
rumo
à incerteza
e
os barcos que nele brincam
não
têm âncoras nem cordas de nylon nem amarras invisíveis
são
pássaros meu amor
e
corações de pedra
descendo
a montanha
gritos
da noite escondidos no teu cabelo
raízes
de sémen poisadas na tua solidão
e
sempre que o comboio da esperança avança
há
sempre uma carruagem desalinhada
só
e triste
só
e cansada
correndo
a Calçada
embrulhada
no sono
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
quinta-feira,
5 de Novembro de 2015