O
sono traz o sonho.
O
sonho, o meu, alimenta-se das teias de aranha da madrugada.
O
sonho, encarcerado.
Menino.
Drogado.
O
sono dentro de um cubo de vidro.
Quando
o sonho, da parte de fora, fode o xisto cansado da viagem.
O
sonho é um travesti.
Travestido
de sono.
Deita-se
na calçada.
Come
cigarros de vento.
O
sono é um veneno.
Como
o sonho.
Um
engano.
O
sono traz o sonho.
O
sonho, meu amigo, é o prazer das prostitutas em delírio…
Zangam-se.
Comem-se.
E
nada faz querer que a noite tenha culpa da constipação dos proxenetas da
alvorada.
O
sono.
No
sonho.
O
relógio das pedras enamoradas.
Cansadas.
Das
tuas garras.
O
sonho encarcerado.
Dentro
da casa abandonada.
Fria.
Cansada.
O
sono é um filho da puta.
Às
vezes, aparece.
Outras,
Muitas,
De
mim se esquece.
Não
o si.
Quando
sonho, quando avida, se aquece.
O
sonho, no sono, embriagada mulher.
A
tristeza, do sono, quando o sonho, emagrece.
Pum.
morre o sonho.
Morre
a saudade.
De
sonhar.
Da
vaidade.
Da
verdade.
De
cansar.
O
sonho.
O
sono.
Dentro
de quarto incompleto.
Entre
lágrimas.
Entre
linhas.
Entre
ossos.
Esqueletos
vendidos na feira.
O
sonho.
O
sono.
Não
regressam além-fronteira.
Triste,
aquele que sonha.
Alegre,
aquele, que desiste.
De
dormir.
De
se vestir.
E
resiste.
Ao
temporal do sonho.
Não
ao sonho.
Sim
ao sono.
Sim
ao sono.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
30/11/2019