Roubaram-me
o sono e os sonhos.
Roubaram-me
a noite,
E
todos os veleiros da marina.
Roubaram-me
todas as palavras que tinha,
E
não tinha,
E
agora sinto a falta delas.
Roubaram-me
os livros, a saudade, e a madrugada.
Hoje,
nada tenho.
Roubaram-me
a Calçada,
O
rio,
E
todos os Cacilheiros em viagem.
Roubaram-me
as flores, as árvores e o meu próprio jardim…
Também
ele, saqueado pelos piratas vestidos de negro.
Trouxeram-me
a morte,
Adormecida
em papel vegetal,
Num
Sábado de Setembro,
Roubaram-me,
E
se bem me lembro,
Ontem,
Nada
me tinham roubado.
Roubaram-me
as lágrimas, e todo o sofrimento.
Roubaram-me
o alimento,
Das
palavras gastas,
Entre
parêntesis e pontos de interrogação.
Roubaram-me
tudo.
Tudo.
Que
hoje, sentido a falta da presença das palavras do sonho,
Não
estou triste;
Mas
roubaram-me os pássaros da minha cidade.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
25/11/2019
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