sábado, 28 de junho de 2014

Das canções de acariciar...


Não gosto destas mãos que me enlouquecem,
não gosto destes lábios que me entristecem,
dos fantasmas alicerçados no meu peito,
não gosto destes cabelos sem jeito,
submersos no sorriso do luar,
não gosto, não... não gosto destas coxas em flor,
desse distante mar,
não... não gosto que me chamem de... de amor,

Não gosto da sublimação que habita nesse olhar,
das magoadas luzes que engolem a cidade,
não gosto destas mãos que me enlouquecem,
não gosto destes lábios que me entristecem,
não, não me obriguem a amar,
quando... quando esse verbo é falsidade,
é vento,
na ponte em solidão das canções de acariciar...

Não gosto destes seios de neblina,
fictícios, de menina,
não gosto deste livros que ofuscam a minha janela,
não me deixam ver as gaivotas, não me deixam ouvir a voz da concertina...
não, não gosto destas tristes anedotas, destes esqueletos de metal,
não,
não gosto das ruas de fio dental,
que todas as noites invadem o meu coração.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 28 de Junho de 2014

Gladíolos de papel


Já não há pássaros azuis,
deixaram de existir corações para amar,
já não há palavras de escrever,
aquelas que se escreviam num corpo transatlântico e com olhos de chover,
não há, morreram os gladíolos de papel,
morreram os beijos com odor a mar...
já não há cidades clandestinas,
vestidas de meninas, mimadas, amadas... meninas... com lábios de mel.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 28 de Junho de 2014

O corpo que fascina os poetas...


(para a amiga Sónia Lázaro)

O sol que constrói sorrisos,
o sorriso que desperta madrugadas,
o corpo que fascina os poetas...
um livro por escrever,
nas palavras inventadas,

A cidade incandescente,
a fogueira que arde,
e sente,
o cansaço do amanhecer,

O sol que constrói sorrisos,
o olhar que alicerça poemas,
os lençóis da insónia...
quando o mar alimenta o desejo de partir,

O sol... das pálpebras em movimento,
o sorriso solitário dos Invernos com sabor a Primavera,
o Sol... e os sorrisos,
e o amar suspenso nas mãos de uma gaivota,
… a gaivota saudade.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 28 de Junho de 2014

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Hoje, hoje... nada para escrever!


Hoje,
sou um marinheiro sem embarcação,
um pedaço de madeira sem mar,
hoje, hoje... nada para escrever,
faltam-me as palavras,
faltam-me... os teus silêncios sem madrugadas,
hoje,
sou um marinheiro sem embarcação,
um rio sem encontrar as tuas lágrimas,
hoje, nada... nada para escrever,
porque hoje,
hoje sou um ínfimo cadáver nas páginas de um livro...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 27 de Junho de 2014

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Desenhos de Francisco Luís Fontinha


Espelhos desventrados


Porque teimas em silenciar-me,
se amanhã não existo...

Porque não percebes que o meu corpo são pedacinhos de xisto,
milímetros de muro com sorriso para o rio,
porque dizes que as minhas palavras são cadáveres em movimento,
cabelos enrolados no vento,
esperando o acordar da madrugada,
espelhos esmigalhados com mãos de amar, espelhos... espelhos apodrecidos na calçada,

Espelhos desventrados,
esperando que a janela da insónia se abra,
e... e entre a claridade nos teus lábios,

Porque teimas em silenciar-me,
se amanhã não existo...

Se amanhã sou espuma,
cansaço,
e... e mar,
porque amanhã os pedacinhos de xisto que habitam no meu corpo...
são... migalhas,
pó,

Nada...
agulhas,

E... e não me esperes mais,
porque os muros... porque os muros depois de morrerem...
jamais renascerão para o teu desejo de me cansar,

Nada...
agulhas,

Se amanhã sou espuma,
cansaço,
e... e mar,

Se amanhã sou... se amanhã sou o teu amante disfarçado de luar...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 26 de Junho de 2014

quarta-feira, 25 de junho de 2014