Porque teimas em
silenciar-me,
se amanhã não
existo...
Porque não percebes
que o meu corpo são pedacinhos de xisto,
milímetros de muro
com sorriso para o rio,
porque dizes que as
minhas palavras são cadáveres em movimento,
cabelos enrolados no
vento,
esperando o acordar
da madrugada,
espelhos
esmigalhados com mãos de amar, espelhos... espelhos apodrecidos na
calçada,
Espelhos
desventrados,
esperando que a
janela da insónia se abra,
e... e entre a
claridade nos teus lábios,
Porque teimas em
silenciar-me,
se amanhã não
existo...
Se amanhã sou
espuma,
cansaço,
e... e mar,
porque amanhã os
pedacinhos de xisto que habitam no meu corpo...
são... migalhas,
pó,
Nada...
agulhas,
E... e não me
esperes mais,
porque os muros...
porque os muros depois de morrerem...
jamais renascerão
para o teu desejo de me cansar,
Nada...
agulhas,
Se amanhã sou
espuma,
cansaço,
e... e mar,
Se amanhã sou... se
amanhã sou o teu amante disfarçado de luar...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 26 de
Junho de 2014