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foto de: A&M ART and Photos
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Há uma estrela cansada de viver, há uma estrela
apaixonada pela tempestade invisível das cidades com edifícios
carnívoros, os homens, como eu, são comidos por poderosas
guilhotinas de aço inoxidável, o carbono sabe a poeira de marfim, e
ela passeia-se pelos jardins com árvores de papel,
Equações com muitas incógnitas dormem docemente
na palma da tua mão, tu tocas os mamilos pelo integrais triplas, e
diferenciais equações desenhadas no coração da areia, o mar, o
mar regressa a ti e leva-as, como levas os ossos nossos que as
guilhotina de aço
Comeram? Comem? Adormecem na tua face as abelhas
claridade das manhas de Outono, sinto o frio entranhar-se em mim,
serás tu, tu
Disfarçada de cetim?
Tecido barato, chita, ou...
O cigano refila com ela, o cigano tenta embrulhar a
menina num cubo de vidro, mas a menina, toda sabida, consegue
aldrabar o cigano...
Perguntas-me
Quem, quem consegue enganar um cigano?
Fico sem música, Wordsong silencia-se e oiço o AL
Berto sobre a minha secretária a discursar, pergunto,
Quem, quem consegue enganar um cigano?
Outro cigano? Outro homem como eu, comido e bebido
pela guilhotina de aço? Não, Não poderá ser... assim choviam
navalhas sobre o cansaço das tardes de Carvalhais, e sempre tive uma
paixão secreta por ela, por S. Pedro do Sul... pelas Termas de S.
Pedro do Sul...
O avô Domingos,
“Olha meu menino... a filha do Zé é única como
tu e têm muitos bens...”
É maluca como eu..., segredava-me o meu outro eu,
O avô Domingos,
“Muitas terras, casas...”
E eu e o outro eu... Queremos lá saber disso, nós
queremos viver livremente, correr, atravessar o mar em direcção a
Sul, depois viramos à direita logo à saída de Castro Daire, e é
lá, é lá que está ela à espera de um fedelho em círculos,
prisioneiro à mão do avô Domingo, nessa altura
Não “Fingertips”,
O avô Domingos,
Finger quê menino?
Nada, nada avô... estava a falar da Teresa, daquela
que você diz ter muitas terras, e casas... e parvoíce a mais dentro
do pequeno cérebro misturado em areia e teias de aranha,
Sina de dinheiro,
O quê? Finger quê?
Nada avô... nada... é a janela que está empenada,
e quando o tio Serafim liga o desgraçado do moinho eléctrico... a
luz murcha
Damos-lhe Viagra, meu menino..., não avô, não
podemos...
Porquê, meu menino?
Porque ainda não inventaram o Viagra e ainda não
existem os Fingertips...
Finger quê, meu menino, Finger quê?
Nada, nada avô, nada, porque o sol vem sempre
acompanhado, nada, nada avô, nada, porque a chuva traz sempre outro
amigo, e esse amigos traz um pedaço de vento e o vento
Leva-te os papeis onde escreves, não é meu menino?
(nada avô... nada... é a janela que está
empenada, e quando o tio Serafim liga o desgraçado do moinho
eléctrico... a luz murcha
Damos-lhe Viagra, meu menino..., não avô, não
podemos...
Porquê, meu menino?
Porque ainda não inventaram o Viagra e ainda não
existem os Fingertips...
Finger quê, meu menino, Finger quê?)
E sentava-me junto às bananeiras, pertinho dos
antigos balneários, e havia um banco só meu, tinha sempre na mão
um livro, um caderno e uma caneta, e passava tardes inteiras a
conversar com o enxofre da fonte incandescente junto a mim...
Nunca mais ouvia as palavras dele. Nunca mais.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Segunda-feira, 16 de Setembro de 2013