O
fugitivo de Deus.
Quando
o corpo se esconde na esplanada da saudade,
Ele,
só, acredita que todos os pássaros são em papel colorido,
Imagens
prateadas nas mãos de Deus; sobe a montanha, meu querido filho.
O
mar.
Todas
as rochas estão suspensas no poema,
A
mão de Deus, moribunda, confunde-se com a alegria de viver,
Quando
se ama, a paixão, filha de Deus, absorve todas as palavras do poema.
Ontem.
Uma
fina lâmina de luz, a boca de Deus entre gritos e abraços,
O
silêncio da espuma dos dias,
Entre
corpos cansados,
E,
o fugitivo de Deus.
A
montanha.
Argamassa
da planície, floresta inversa à paixão,
O
sítio escondido, onde habita Deus, amanhã, hoje,
Sinto-me
como uma pedra que voa, tem asas, tem alegria,
Vida,
palavra, livros e nada.
A
montanha de Deus.
Onde
hoje me sento,
Agradeço
a sombra, oiço ao longe a fúria do mar,
Desgravada
maré dos tristes silêncios,
Junto
a Belém, um louco rio, embriagado pelos barcos,
Cacilheiros
à desgarrada, canções velozes, vento,
Sílabas
da madrugada,
O
ácido da noite,
Cansado,
Suicidado
pelo poema.
A
aldeia de Deus.
A
aventura de estar vivo,
O
amor quando se abraça a mulher desejada,
Olhando
ao longe os socalcos da vida,
Esperando
o voo até ao Céu: STOP.
O
vinho.
Porque
Deus também bebe,
Tem
vida,
Agrade-me
a escrita, retribuo e, aos poucos, a morte.
Falo-te,
hoje.
Conheço-te.
Francisco
Luís Fontinha, 05-09-2020