sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Os olhos do mar

 

Quando o mar é um silêncio de espuma

Nas mãos cansadas da maré,

Quando ao mar eu pertenço,

Sem nome, sem fé.

Quantos caracteres, meu amor,

São precisos para escrever,

Na areia,

O teu nome;

Amanhã, talvez, saberei o significado da palavra,

Azeda neblina que atravessa o rio.

E, pego em ti, minha pequenina flor,

Papel bronzeado,

Fogueira desta lareira suicida,

Que habita este corpo de nada,

Que brinca neste corpo cansado.

Servem as palavras

Ao destino menino de brincar,

Quando levita do rosto

Este sorriso embriagado,

E, sem gosto,

Nem me diz… obrigado

Nos olhos do mar.

 

 

Francisco Luís Fontinha, 28/08/2020

Sem comentários:

Enviar um comentário