Carta
aos pássaros,
Meus
queridos,
Chove.
Alimento-me dos vossos sorrisos e, sempre que posso, mergulho nos vossos
desejos, apesar de ontem, ao meio-dia, um pequeno silêncio de nada, aos poucos,
mergulhar no destino,
Apetece-me
rir,
Canso-me
dos vossos tristes olhares, pela manhã e, um pedaço de nada, como uma nuvem de
ninguém, cambalear no deserto da neblina, apetece-me correr para os vossos
braços, caminhar sobre as pedras doidas,
Ouvi
dizer,
Que
uma pequena pedra lilás, dorminhoca, brinca na minha sombra, mas apenas ouvi
dizer, como ouvi dizer que o mar um dia virá buscar-me e, talvez vá visitar as
montanhas cinzentas, como quando pela noite regressou o vento, e fui visitar a
lua,
Apetece-me
rir, canso-me dos vossos tristes olhares, pedaços de nuvem são como as sandálias
do pescador, pela madrugada, em busca de beijos,
Tudo
é fácil,
Meus
queridos,
Ontem
vi uma flor perdidamente apaixonada pelo mar, um barco em papel veio falar
comigo, mas os peixes não gostam de pássaros e, todas as flores são pedaços de
algodão, pedrinhas mansas e, vento,
Sopra.
A
caverna. O túnel engole o poeta, este, deixa cair todos os versos ao mar, e
sinto que todos os peixes sabem na ponta da língua as palavras, mortas, do
poeta,
Ontem.
Hoje.
Chove,
perdidamente,
Regressa
a paixão, caiem nas palavras o salgado silêncio, o pão parece envenenado na
boca da tempestade, mas nem todos os pássaros compreendem, ou
Chove,
Ou,
nada. Pedras. Barcos.
Nada.
Francisco
Luís Fontinha
20/08/2020
Barco
do destino, 20 de Agosto de 2020
Carta
aos pássaros,
Meus
queridos,
Chove.
Alimento-me dos vossos sorrisos e, sempre que posso, mergulho nos vossos
desejos, apesar de ontem, ao meio-dia, um pequeno silêncio de nada, aos poucos,
mergulhar no destino,
Apetece-me
rir,
Canso-me
dos vossos tristes olhares, pela manhã e, um pedaço de nada, como uma nuvem de
ninguém, cambalear no deserto da neblina, apetece-me correr para os vossos
braços, caminhar sobre as pedras doidas,
Ouvi
dizer,
Que
uma pequena pedra lilás, dorminhoca, brinca na minha sombra, mas apenas ouvi
dizer, como ouvi dizer que o mar um dia virá buscar-me e, talvez vá visitar as
montanhas cinzentas, como quando pela noite regressou o vento, e fui visitar a
lua,
Apetece-me
rir, canso-me dos vossos tristes olhares, pedaços de nuvem são como as sandálias
do pescador, pela madrugada, em busca de beijos,
Tudo
é fácil,
Meus
queridos,
Ontem
vi uma flor perdidamente apaixonada pelo mar, um barco em papel veio falar
comigo, mas os peixes não gostam de pássaros e, todas as flores são pedaços de
algodão, pedrinhas mansas e, vento,
Sopra.
A
caverna. O túnel engole o poeta, este, deixa cair todos os versos ao mar, e
sinto que todos os peixes sabem na ponta da língua as palavras, mortas, do
poeta,
Ontem.
Hoje.
Chove,
perdidamente,
Regressa
a paixão, caiem nas palavras o salgado silêncio, o pão parece envenenado na
boca da tempestade, mas nem todos os pássaros compreendem, ou
Chove,
Ou,
nada. Pedras. Barcos.
Nada.
Francisco
Luís Fontinha
20/08/2020
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