A noite é um
finíssimo fio de sémen
em decomposição,
ele se move no teu
corpo
como um falso
esqueleto de chapa,
a noite não tem
fim,
a noite às vezes...
é chata,
como o amor... um
fluxo de iões suspensos nos teus seios de cartão,
a noite se mata,
e alicerça aos
abutres nocturnos sem esperança,
ainda a noite é uma
criança...
e eu... e eu em
desespero,
como o vilão da
ruela sem saída,
perdido na cidade do
desassossego,
escrevo aos barcos
sem regresso as palavras de morrer,
a noite quando é
comida num vão de escada,
como uma mulher
sonâmbula,
como uma mulher não
amada,
a noite é um
finíssimo fio de sémen
em rotação,
ela não sabe que há
no meu corpo farrapos...
não catalogados
esquecidos numa
qualquer esplanada,
a noite não é
nada...
a noite apenas se
diverte como um poeta que espera a madrugada.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Terça-feira, 11 de
Novembro de 2014