terça-feira, 11 de novembro de 2014

A noite do nada


A noite é um finíssimo fio de sémen
em decomposição,
ele se move no teu corpo
como um falso esqueleto de chapa,
a noite não tem fim,
a noite às vezes... é chata,
como o amor... um fluxo de iões suspensos nos teus seios de cartão,
a noite se mata,
e alicerça aos abutres nocturnos sem esperança,
ainda a noite é uma criança...
e eu... e eu em desespero,
como o vilão da ruela sem saída,
perdido na cidade do desassossego,
escrevo aos barcos sem regresso as palavras de morrer,
a noite quando é comida num vão de escada,
como uma mulher sonâmbula,
como uma mulher não amada,
a noite é um finíssimo fio de sémen
em rotação,
ela não sabe que há no meu corpo farrapos...
não catalogados
esquecidos numa qualquer esplanada,
a noite não é nada...
a noite apenas se diverte como um poeta que espera a madrugada.



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 11 de Novembro de 2014

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