|
foto de: A&M ART and Photos
|
Como acreditar... como confiar... como? Apenas
acreditando e confiando..., apenas navegando, apenas, sem mais, nada
mais do que, como? Apenas, e muito, os livros e as personagens dos
livros, os livros e as estórias dos livros, os livros, as mulheres,
as mulheres e o corpo das mulheres, sós, apenas, como?
Como ser feliz quando não se é feliz, como, como
acreditar... como confiar... como?
Sendo,
E apenas, voando como as nuvens de chocolate na boca
das crianças, como, sendo, as proibidas manhãs com Sábados
invisíveis, acreditando?
Sendo, parecendo ser e não o ser, esperar, esperar,
só, sentado, numa banco em pedra, frio e húmido, de esqueleto
quebrado, os ossos acabados de submergir das profundezas vozes sem as
ditas
Palavras?
As loucas palavras?
Sendo, eu sei, voando, se eu soubesse, voava dentro
de ti, teu corpo de magnólia com perfume a desejo, e ficando, e
deixando
As loucas palavras?
Como retirara venda dos olhos, se ela, se ela é de
aço maciço, como cordas de sisal suspensas dos céu, servindo, como
acreditando, apenas para acolher com doçura as velhas e cansadas
árvores, as alegres e as tristes, como nós, e apenas, voando, e
sendo, como tu, sofrendo como tu, apenas, assim... como as algibeiras
da noite rompendo a madrugada e pintando o sobejante com acrílicos
em cadáveres, quase a serem enterrados vivos na fogueira, sendo,
acreditando e
Palavras?
As loucas palavras?
Sofrendo, e ardendo em ti quando transportas contigo
a fogueira inventada numa noite de Inverno, quando sentados, nós,
desenhávamos o fogo nas paredes do escritório, como acreditar?
Acreditando,
E
E como confiar?
Confiando,
Não o sei, apagando esse fogo, ouvindo a música
das plantas, simplesmente... ouvindo e sonhando e
Acreditando?
E acreditando...
Acreditar? Brincando como palavras sós, desejosas
de serem desejadas, brincando, brincando sós, nós, entre árvores e
rios, e socalcos como telas envelhecidas das paredes novas do amor,
acreditando?
Acreditar... que, talvez, o amor, viva como vivem os
homens e as mulheres, brincando, e sofrendo, e acreditando...
confiando, vendo e sendo, uma noite vestida com pregos e tábuas
finas, e as lâminas de água, e os barcos envenenados com saudade e
o silêncio,
Confiando?
Como confiar se amanhã pode não ser Sábado?
Sendo,
E apenas, voando como as nuvens de chocolate na boca
das crianças, como, sendo, as proibidas manhãs com Sábados
invisíveis, acreditando? Acreditar, sim, sim sendo, sentados como
ontem, sentados a ver o mar, a regressar de longe, apenas e sós,
sendo, eles,
Acreditando,
Acreditando?
Acreditando que assim sendo, amanhã, amanhã
regressará para nós, os ditos sonhos, que vimos fugir, que vimos
partir... como um tornado correndo montanha abaixo, sós, nós
Acreditando?
E em acreditar... eu... sofrendo, sofri, não
dizendo que... amanhã poderá não ser Sábado,
Quem o garante?
Ele?
Ela?
Ou... vós, vós que sois cortinados de uma janela à
beira do precipício...
Esperando
Acreditando que acreditar,
Não,
Não somos o vento, porque se o fossemos... tínhamos
nãos mãos asas... e temos dedos, dedos de acariciar corpos
sofrendo, corpos desejando, corpos... acreditando.
(não revisto – ficção)
@Francisco Luís Fontinha
sexta-feira, 16 de Agosto de 2013