Fontinha
– Outubro/2015
Ontem
tinha medo do escuro,
Meu
amor,
Hoje
tenho medo da paixão,
Dos
pássaros mais tristes que habitam o meu jardim,
Ontem,
ontem não,
Meu
amor,
Hoje
tenho medo das pedras, porque não falam,
Porque,
também elas, tal como eu,
Não
amam,
Nem
choram,
Ontem
sentia na minha mão o cansaço da vida,
A
não alegria de viver,
Fingia
a partida,
Fingia
amar sem saber que fingia…
Fingir
que não sofria,
Hoje,
meu amor,
Hoje
tenho medo da paixão…
Sofrida,
Vencida,
Porque
ontem tinha medo,
Medo
do medo,
Mas
hoje, meu amor,
Hoje
aprisionei o medo num cubo de vidro,
Vejo-o,
toco-lhe nas faces…
Mas
ele deixou de pertencer aos vivos…
E
é apenas uma palavra sem significado.
Francisco
Luís Fontinha – Algures fora de Alijó
Sábado,
17 de Outubro de 2015