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terça-feira, 1 de agosto de 2023

Flor em tua luz

 Flor em tua luz

Cintilante madrugada de viver

Sempre ausente

Contente

Que mente

O pobre do poeta,

 

Das manhãs de Inverno

Sempre ausente

O mar da tua mão

Em tua mão sempre ausente

Contente

Sem ninguém o poeta sem ninguém,

 

Flor em tua luz

Da luz miserável das árvores do meu jardim

Nuvem cinzenta

Das tempestades

Nas tempestades

Do inimigo luar,

 

Flor de luz

Em teu cabelo ausente

Em mim também ausente

Entre quatro paredes

Junto ao mar

Dos lábios de mel

Teus olhos de mar.

 

 

01/08/2023

quinta-feira, 20 de julho de 2023

Traços sem nome



Olho este desenho,

Olho-o como se fosse um filho que não tenho,

Olho-o e não percebo de onde vêm estes traços,

Malditos às vezes,

Que ninguém percebe, como eu,

Mas eles são filhos da minha mão,

Portanto,

Meus filhos são.

 

Olho-os, depois,

Depois começam a acordar as palavras,

Tal como os traços,

Malditas também,

Às vezes,

São tantas as palavras,

Que aproveito meia-dúzia delas…

E as restantes,

Lanço-as ao mar,

Escondo-as.

 

Olho este desenho,

E sinceramente,

Não vejo nada,

E o pouco que vejo,

Vejo um tolo, um tolo que vai à janela,

E fica a olhar a piquena a comer chocolates,

O Esteves em volta do seu cigarro…

E eu,

E eu e o senhor Álvaro de Campos…

A olharmos para a Tabacaria.

 

Depois vou ao mar,

Retiro as palavras que tinha escondido…

E escrevo,

E escrevo parvoíces…

Tais como os desenhos que faço…

 

E feliz eu, que sou filho de Deus, feito à sua imagem…

Se não o fosse,

O Pacheco diria, (Estás fodido, pá).

Já o nosso saudoso João César Monteiro…

Bem…

(Quero que as más-línguas se fodam, que se fodam).

E eu,

E eu aqui a olhar para este pobre desenho,

Só,

E ausente…

Que acabou agora mesmo de nascer,

Que não lhe vou dar um nome,

Ninguém deveria ter um nome,

E mais uma vez,

Olho-o, olho-os,

E nada,

Não vejo nada,

Nem ninguém.

 

O Pacheco que ainda não está contente,

(Puta que os pariu),

E daqui a pouco é o pôr-do-sol,

Regressa a noite,

A noite tem estrelas,

As estrelas são lindas,

E a vaca,

A vaca não dá leite.

 

E mesmo depois de eu morrer,

Estes desenhos andarão por aí,

Por algures por aí…

Alguns prisoneiros de uma parede,

Outros acabarão numa fogueira…

E a maioria…

No cu de alguém.

 

(Olho este desenho,

Olho-o como se fosse um filho que não tenho,

Olho-o e não percebo de onde vêm estes traços,

Malditos às vezes,

Que ninguém percebe, como eu,

Mas eles são filhos da minha mão,

Portanto,

Meus filhos são).

 

E se são ou não o são só a mãe o saberá,

Neste caso,

A minha mão.

 

E ela diz-me que sim,

Olha, não vês pelos olhinhos!

Claro que sim,

Vejo pelos olhos e oiço pelos ouvidos…

Se assim não fosse,

Também eu seria um traço,

E um dia,

Acabaria no cu de alguém.

 

 

 

Alijó 20/07/2023

Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 19 de julho de 2023

Arte

 Amo-te

Amo-te nesta escuridão estrelar

Em teus olhos de alegria mar,

Amo-te quando te veste de veleiro…

E corres para os meus braços,

Em palavras,

Das palavras,

Deste silenciado mar.

 

Amo-te

Amo-te quando regressa da noite o teu olhar,

E nos teus doces lábios de mel…

A minha voz se deita,

Dorme…

E inventa nos teus lábios

A sabedoria,

A filosofia…

E a arte de te amar.

 

 

19/07/2023

terça-feira, 18 de julho de 2023

Doce olhar

 Escondes-te no pedacinho de luz do teu olhar

No teu olhar

De doce mar,

Escondes-te no silêncio dos teus lábios

Teus lábios de mel

De mel amar,

Escondes-te na inquietude do teu cabelo

Ao vento

Em poesia,

Escondes-te atrás de uma parede invisível

Enquanto a noite se despede de mim,

Enquanto a noite me proíbe de desenhar o teu doce olhar.

 

 18/07/2023

sábado, 8 de julho de 2023

Mulher de negro

 

No olhar

Dos teus lábios

Há um pedacinho de mel em poesia

Que se esconde

Que grita…

A cada novo dia.

 

08/07/2023

domingo, 4 de junho de 2023

Estrelas-do-mar

 

Não,

Não tenho pressa de beijar os teus lábios de mel,

Não tenho pressa,

Não tenho pressa de tocar nos teus olhos de mar,

Não…

Não tenho pressa,

Não tenho pressa de pegar na tua mão de Primavera…

E voar…

 

Não tenho pressa de escrever,

Não tenho pressa de desenhar…

Não,

Não tenho pressa,

Não tenho pressa de morrer,

 

Não tenho pressa,

Não,

Não.

Não tenho pressa de saber o dia exacto,

A hora exacta…

Do acordar das estrelas,

Porque elas vão acordar,

 

Não,

Não tenho pressa…

De tanta coisa…

De ter pressa…

 

 

 

Luís

04/06/2023

domingo, 28 de maio de 2023

O ausentado senhor

 

Desce a rua

O ausentado nocturno

Procura na algibeira o último cigarro do mês

Acende-o

E senta-se junto ao rio

 

Procura na paisagem

As estrelas de além-mar

E as estrelas de ontem

Algures entre o sono

E a décima quinta noite de insónia

 

Desce a rua

O aprumado esticadinho

O ausentado de Domingo

Sem perceber que na mão

Transporta o pecado da palavra

 

Desce

Desce a rua

O ausentado senhor

De livro na mão

Cigarro

O último cigarro do mês

E está feliz

Que feliz ele está…

O senhor

O Dom ausentado

 

Desce

Desce a rua

O ausentado nocturno

Procura um cadáver para alugar

Com vista para o mar

Um pequeno quartinho

E uma sala enorme…

Onde se senta

Onde se deita

Onde morre

 

Desce

A rua

Que desce o ausentado nocturno

Das flores migratórias

E das palavras avulso

Uma estória de morte

E sexo

Durante a noite

 

Desce

Devagarinho a rua do ausentado

Do Domingo de ausência

Em pequenas drageias de silêncio

E o que procura não encontra

Não sabe o que procurar…

E enquanto desce

Desce a rua

O ausentado senhor…

Uma lágrima de saúde desenha-se no seu olhar.

 

 

 

 

Luís

28/05/2023

quinta-feira, 18 de maio de 2023

Janela do teu olhar

 Ponho-me à janela,

À janela da vida,

Desta vida,

Quando viva,

Viva esta vida,

Desta vida à janela,

Desta janela,

Da vida,

Em vida…

 

Ponho-me à janela,

Desta vida,

Enquanto viva,

Desta vida de mar,

No mar da vida,

Enquanto vida,

No mar…

Quando poisa o silêncio nas tuas mãos…

 

Ponho-me à janela,

Enquanto janela do teu olhar…

Na janela viva,

Que viva esta vida,

Ponho-me à janela,

Da janela da vida…

Ponho-me à janela do teu olhar,

Enquanto janela do teu olhar,

Da janela…

Enquanto vida,

A vida,

Por vezes…

Sem vida.

 

 

 

Alijó, 18/05/2023

Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 10 de maio de 2023

Estrelas do teu olhar

 Nos teus olhos,

Meu amor,

Dançam todas as estrelas do Universo,

Nas tuas mãos,

Nas tuas mãos, meu amor,

Nas tuas mãos brincam todas as crianças do planeta Terra…

E nos teus lábios…

Nos teus lábios navegam os mais lindos barcos do Oceano.

 

Cada palavra, um beijo,

Encantada maçã do Éden,

Pequeno silêncio,

E mesmo assim, meu amor,

E mesmo assim as árvores tombam com a solidão,

 

Nos teus olhos,

Meu amor,

Dançam todas as estrelas do Universo,

Dos teus olhos,

Meu amor,

Recebo todas as palavras que te escrevo…

E com elas,

Construo poemas,

Poemas, meu amor…

 

 

 

Alijó, 10/05/2023

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Cidade embalsamada

 Há-de nascer uma estrela pincelada de saudade

Em teus olhos de amanhecer,

Cidade embalsamada

Nas sombras amordaçadas,

 

Pássaro em papel,

Cor devastada do sombreado silêncio,

Sol dos pequenos cubos em vidro…

Há-de nascer o rio em teus braços,

 

Teus braços que transportam o meu esqueleto,

Este pobre esqueleto dos loucos luares,

Há-de nascer, em ti, uma estrela pincelada de saudade

Em teus olhos de amanhecer,

 

Em teus olhos de beijar…

Há-de nascer nos teus lábios

A primeira madrugada,

Cidade… cidade embalsamada.

 

 

Alijó, 21/02/2023

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Lindo olhar

 

Pergunto ao vento

Se o vento me leva

Se me leva para os teus braços,

Pergunto ao vento

Se o vento não se cansa

Não se cansa dos meus cansaços.

 

Pergunto ao vento

Se o vento me traz o teu olhar

Quando acorda o amanhecer,

Pergunto ao vento

Se o vento quer ser o mar

O mar que não consigo esquecer.

 

E o vento me diz

Porque não consigo esquecer o teu olhar,

O olhar que o vento me traz,

O teu lindo olhar!

 

 

 

Alijó, 16/12/2022

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Janela para o mar do teu olhar

 

Abro esta janela

Virada para o mar

Debruço-me nesta janela

Estendo a mão

Estendo a mão sem me preocupar

Se está a chover

Ou a nevar,

 

Depois de abrir a janela do teu olhar

Abro a porta do meu coração

E dentro dele

Guardo o mar

E todo o teu olhar,

 

Abro esta janela

Com o retracto do teu olhar,

 

E numa tela

Pincelo a noite e o luar

E o dia a brincar,

 

Abro a janela

Esta linda janela

Virada para o mar do teu olhar

Onde se abraça o meu rio amar.

 

 

Alijó, 13/12/2022

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

O teu olhar

 

Desenho um pedacinho do teu olhar

Na tela triste da manhã

Porque todas as manhãs…

Todas as manhãs são tristes

Sem um pedacinho do teu olhar.

 

E se apenas um pedacinho do teu olhar

Alegra a manhã

Imagina se desenhasse todo o teu olhar…

 

Imagina se eu tivesse a manhã

Só minha

A manhã e o teu olhar!

 

 

Alijó, 12/12/2022

Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

As estrelas do teu olhar

 Encosto a cabeça

À sombra do teu corpo.

 

Faço um cigarro com as estrelas do teu olhar,

Enquanto abraço a nudez do teu corpo

Que cresce no espelho da noite,

Escrevo nos teus doces lábios de mel,

 

Tanta coisa que poderia escrever,

Tanta coisa, minha querida…

Que nada escrevo.

 

Pego num pequeno cordel do sono,

E com ele,

Trago o silêncio

E o mar que habita no teu peito,

Depois,

Pego na insónia,

E da insónia faço uma flor

Que poiso na tua boca; uma flor colorida de beijos.

 

Encosto a cabeça

À sombra do teu corpo,

E espero que o nosso mar…

Que todo o nosso mar…

Entre pela janela,

Como entram as estrelas do teu olhar,

Quando abro a janela da manhã.

 

 

 

 

 

Alijó, 08/12/2022

Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Poemas ao vento

 

Pego na tua mão,

Pequena,

Meu doce de mel,

 

Escrevo no teu olhar,

Poemas ao vento,

E desenho nos teus lábios de luar

As palavras do meu pensamento,

 

Escrevo cartas ao mar,

Lanço beijos aos barcos de papel,

Escrevo cartas de amar,

Amar um pedacinho de mel,

 

Pego na tua mão,

Pequena…

Pequena do meu coração,

 

Coração que me envenena.

 

 

Alijó, 30/11/2022

Francisco Luís Fontinha

domingo, 27 de novembro de 2022

Barco rabelo

 És o poema que abre a porta da manhã

Vulcão que acorda a cidade do vento

Palavra que traz o mar

És poema ao acordar

Que brinca no meu pensamento.

 

És silêncio do meu pobre olhar

Jardim onde sepulto o meu corpo de brincar

És canção

Neste pobre coração

És o meu poema ao levantar.

 

És foguetão

Rumo ao luar

Barco rabelo em círculos solares

És flor e muitos mares

Nos mares de amar.

 

 

 

 

Alijó, 27/11/2022

Francisco Luís Fontinha