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domingo, 23 de julho de 2023

Marte



Suicido-me com o primeiro sorriso da manhã

Agarro-me ao vento

Abraço-me ao vento

E peço

E peço ao vento

 

Suicidar-me com o primeiro silêncio da manhã

Nas palavras que escrevo

E que lanço

Sobre o papel

 

Suicido-me com o primeiro abraço da manhã

Quando Deus desliga as estrelas

E lança sobre a Terra a alegria

De quem pensa

Que não pensa

Que a poesia

É vida

E que da vida

Suicido-me com o primeiro desejo da manhã

 

Suicido-me com o primeiro olhar da manhã

E que Marte me escuta

E me vai levar

Para as suas planícies

 

Suicido-me com o primeiro grito da manhã

Que na madrugada cresceu

E na minha mão

Depois de me suicidar com o vento…

Morreu

 

Suicido-me com o primeiro lençol de tristeza

Que no mar habita

Sem saber quando é dia

Sem saber quando é noite

Porque se suicidou ele com um beijo

E apenas sabe

E nunca se esquece

Que o poeta se suicidou…

Com a palavra; Amo-te.

 

 

 

 

23/07/2023

Francisco

quarta-feira, 19 de julho de 2023

Arte

 Amo-te

Amo-te nesta escuridão estrelar

Em teus olhos de alegria mar,

Amo-te quando te veste de veleiro…

E corres para os meus braços,

Em palavras,

Das palavras,

Deste silenciado mar.

 

Amo-te

Amo-te quando regressa da noite o teu olhar,

E nos teus doces lábios de mel…

A minha voz se deita,

Dorme…

E inventa nos teus lábios

A sabedoria,

A filosofia…

E a arte de te amar.

 

 

19/07/2023

terça-feira, 18 de julho de 2023

O luar das lágrimas

 Encosta a tua mão

À minha face

Desenha nela o Sol

Ou um pedacinho de sorriso,

 

Encosta a tua mão

À minha face,

 

Afasta dela a tristeza

E as noites de insónia,

 

E faz com que a noite deixe de ter lágrimas,

 

Que a minha noite deixe de ser o luar das lágrimas.

 

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

(inédito)

domingo, 16 de julho de 2023

Poema do silêncio

 

Encosta a cabeça ao meu peito

Enquanto com a minha mão

Escrevo no teu corpo

O poema do silêncio

E do desejo,

 

Escrevo nos teus lábios

Com os meus lábios

A história deste poema

Que procura na escuridão da noite

O silêncio do teu olhar,

 

Encosta a cabeça ao meu peito

Doce flor em papel perfumado

Pedacinho de Primavera

Encosta a cabeça ao meu peito

E finge que as tuas lágrimas são estrelas,

 

São palavras de amar.

Encosta a cabeça ao meu peito

Enquanto há luar

E marés a esconderem-se

Na tua mão,

 

Que procuram o meu olhar,

Encosta a cabeça ao meu peito

E imagina o meu corpo

Sepultado dentro do teu

E nos braços do mar.

 

 

 

16/07/2023

quinta-feira, 13 de julho de 2023

O medo

 

Existe uma parede

Que não me deixa ver-te

Uma parede invisível

Apelidada de medo

Medo de olhar-te

E amar-te,

 

Existe uma parede

Uma parede que não me deixa abraçar-te

Uma parede invisível

Do medo de amar-te

No medo…

Do teu olhar,

 

Existe uma parede

Em cada manhã ao acordar

Uma parede invisível

Que não me deixa ver o mar

Existe uma parede

Uma parede… que não me deixa beijar-te.

 

 

13/07/2023

Luís

domingo, 9 de julho de 2023

Porquê

 

Morre-se porquê,

Ama-se de quê,

Quando o porquê não é mais de que um silêncio…

Na ausência da manhã que não vê.

Ama-se porquê,

E de quê…

Morre-se,

Ama-se…

O porquê.

 

 

09/07/2023

Francisco

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Desejar-te dentro do poema

 Desejar-te quando a noite poisa nos teus lábios

Desejar-te como o luar deseja a noite

Ou como o sol deseja o dia,

 

Desejar-te dentro do poema

Quando brinca na poesia,

 

Desejar-te quando já és desejada

Nas páginas de um livro

Das manhãs de Inverno…

Desejar-te dentro deste inferno

Que acorda em cada madrugada,

 

Desejar-te enquanto és flor

Semente semeada

Desejar-te neste imenso mar

Onde habitam as minhas palavras

Onde morre a minha dor

Onde escondo as lágrimas de chorar.

 

 


Francisco Luís Fontinha

(inédito)

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Luz



São os teus lábios,

Meu amor,

Pedacinhos de silêncio

Na fímbria escuridão do mar,

 

São as lágrimas do crepúsculo

Quando poisam sobre a ti

As palavras do luar,

São os teus lábios,

Meu amor,

A solidão de amar,

 

São os teus lábios,

Meu amor,

Cansaços que a noite esconde

E lágrimas de desejo…

Que a lua lança contra as estrelas,

 

Na ânsia de um beijo.

São os teus lábios,

Meu amor…

O poema envergonhado…

Que finge ser a luz,

Dos teus olhos…

Meu amor!

 

 

 

03/0/7/2023

Luís

domingo, 2 de julho de 2023

Trigésima quinta madrugada…

 Amo-te dentro desta esfera em silêncio

Junto a este caderno quadriculado…

Amo-te na imensidão dos dias

E das noites

E das noites…

Sem os dias,

 

Amo-te como se estivesse a resolver uma equação diferencial ordinária de segunda ordem

Que não me vai fazer feliz

Resolvê-la

E que a única pessoa aqui feliz…

É o professor Mário Abrantes

Por eu a revolver,

 

Amo-te enquanto a Terra dá voltas ao Sol

E roda sobre ela mesma

Amo-te sabendo que do outro lado da rua

Brinca o mar

O mar da minha infância,

 

Amo-te junto a este hipercubo

Que está abraçado à matriz transposta da paixão…

Enquanto um beijo meu…

Anda por aí…

Entre a montanha

E a filha da montanha

E o chão,

 

Amo-te à vigésima quinta hora

Enquanto uma louca locomotiva se faz à estrada

Rumo aos rabiscos das minhas folhas de papel…

Amo-te dentro deste complexo casaco de forças

Em perfeito equilíbrio

Em X

Em Y

E em Z,

 

Amo-te à trigésima quinta madrugada…

Sem dormir

Quando dentro desta esfera em silêncio

Me obrigam a calcular o seu volume…

Idade…

E o sexo,

 

Antes que a noite te roube de mim.

 

 

 

02/07/2023

Francisco

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Das tantas vezes, as minhas vezes

 (aos meus pais)

 

 

Às vezes,

Às vezes não tínhamos nada,

Às vezes…

Às vezes tínhamos tudo…

Tudo que até sobrava,

Às vezes olhávamos o sol

Outras vezes nem por isso…

Mas éramos tão felizes,

 

Às vezes,

Às vezes me lamentava

E quase que chorava

E não acreditava…

E claro…

Sonhava,

 

Às vezes não comia

Outras vezes…

Comia pequeninas sombras de nada

E inventava…

Meu Deus… tanta coisa que eu inventava,

Mas a vida é assim,

Claro que sim…

Uns morrem…

Outros,

Outros tal como eu…

Voam…

E não se cansam de voar,

Sonham…

E não se cansam de sonhar,

 

 

Aos mortos,

Que hei-de eu dizer aos mortos…

 

Às vezes,

Sentia medo do silêncio da minha casa,

Tantas vezes,

Tantas vezes… meu Deus…

Tantas vezes que eu chorava…

E fingia

A cada novo dia...

Que sim…

Que estava tudo bem,

E claro que não…

Como poderia estar tudo bem…

Se o meu pai tinha morrido,

E a minha mãe…

Coitada da minha mãe…

Lutava,

Rezava…

E acreditava…

Que de cancro não morria também,

 

E as minhas tantas vezes,

Aos poucos…

Começaram a ser menos vezes…

(porque o poeta nunca morre,

Mesmo que tenha fome)

E aqui estou eu…

O poeta,

O artista plástico,

Talvez um pouco de louco,

Talvez um pouco de nada…

E claro…

Quase engenheiro…

Como o meu pai gostava.

 

 

 

Do vosso filho,

Francisco

15/06/2023

quarta-feira, 14 de junho de 2023

Acácias

 

Podia apelidar-te de nada

Simplesmente de nada.

Olho este pedaço de papel…

E vejo os traços que semeiam em mim

Estes traços que são meus e que só a mim pertencem…

Enquanto a noite em sofrimento

Se esconde num qualquer olhar de espuma do teu corpo.

 

Olho este pedaço de papel

Que era branco

Que não tinha nome

Agora deixou de ser branco porque tem os meus traços…

Mas continua a não ter nome.

 

Também eu

Também eu gostaria de não ter nome

Mas os meus pais

Teimosos

Apelidaram-me de (nada ou de tolo)

Tal como este pedaço de papel…

 

Durante a noite

Durante a noite visto-me de marinheiro

Saio de casa

Entro no teu Oceano…

E por lá ando

Em busca de crocodilos amansados.

Na adolescência apaixonei-me por uma trapezista

Sei lá…

Eu ficava horas a olhá-la em pequenos círculos de desejo… sobre o mar

E depois

Depois escrevia-lhe poemas

E se eu tivesse fugido com ela

Como ela queria…

Hoje talvez fosse alguma coisa

Tudo trapezista

Menos ser nada.

 

Podia apelidar-te de nada

Simplesmente de nada.

Olho este pedaço de papel…

E vejo tanta coisa

Meu amor

Vejos estrelas

Vejo rostos que me solicitam…

AJUDA…

E eu

E eu não os posso ajudar

(tal como não os pude ajudar).

Vejo animais

Muitos animais

E vejo uma coisa curiosa… meu amor…

Vejo a equação do sono

Poisada nas tuas mãos…

Das tuas que rezam…

Nas tuas mãos onde choram…

As acácias da minha infância.

 

 

 

Luís

14/06/2023

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Silêncio da tua boca

 

Escuta o silêncio,

Escuta o silêncio, meu amor…

Fecha os olhos,

Esconde os teus lábios na minha boca,

E…

E sonha, meu amor…

E sonha.

 

Escuta o silêncio,

Escuta o silêncio, meu amor…

Escuta o silêncio e lê as minhas palavras,

Fecha os olhos,

Pega na minha mão…

E serás a dona de todas as madrugadas.

 

 

 

 

Luís

01/06/2023

quarta-feira, 31 de maio de 2023

Temporal

 Erguia-se em ti

O temporal da manhã

Canfora madrugada

Das tuas mãos de fada

Erguia-se em ti

O temporal da manhã

E com ele

Regressavam todos os esqueletos dos poemas escritos durante a noite…

E fiquei sem noite,

 

Erguia-se em ti

O temporal da manhã

Abraçado aos parêntesis da insónia

Erguia-se

Em ti

A manhã

Do temporal dos teus lábios…

Nos teus lábios com estória.

 

 

 

Francisco

31/05/2023

sábado, 27 de maio de 2023

O pecado do corpo

 

Perguntávamos ao amor

Onde escondia o pecado do corpo

Perguntávamos a Deus

Onde escondia a equação do prazer

Do corpo

Em finíssimos uníssonos de gemido

Perguntávamos à paixão

Onde guardava os beijos da Primavera

 

Perguntávamos ao sono

Se o amor

Ainda escondia o pecado do corpo

O apetecido corpo

Que bem semeado

Por palavras…

Sorri em cada madrugada

 

Perguntávamos ao corpo

Se ele

O corpo

Ainda queria ser corpo…

Nas mãos do poeta louco

E tão pouco

Quase lá…

A noite inventa o corpo

Abraça-me

E dois pequenos corpos de luz…

Dão corpo

Ao pecado do corpo.

 

 

 

 

Luís Fontinha

27/05/2023

Noite de mim

 

Podia ser noite

As luzes

Todas as luzes apagadas

Podia ser noite

Antes da noite

Podia ser noite

Dentro desta noite

Podia…

 

Podia ser dia

Pois podia

Se o dia não tivesse acordado tão cedo

E a noite

Despertado

 

Pois podia

Meu amor

Podia ser dia

Dentro da noite

Que vai nascer

 

Claro que podia

Ser noite

Sem luzes

Quando da noite

Recordamos o dia

Que teve noite

E terá

Um dia

Um outro dia

 

Podia ser noite

E agora

Nem que fosse uma noite emprestada

Nem que fosse uma noite comprada

A crédito

De cinquenta e seis lindas noites de sono

E isento de insónia

 

Claro

Claro que podia

Meu amor

Ser já noite

Roubada ao dia

Quando a noite

Podia

Podia ser dia

E podia ser noite

 

Claro

Meu amor

Claro que podia

Podia ser noite

Uma noite

Noite

Podia

Podia ser noite nos teus olhos

E dia

Que podia

Ser dia

Nos teus doces lábios

 

Claro

Claro que podia

Meu amor

Ser dia

Ou ser já noite

Podia

Podia

Ser noite

Noite disfarçada de dia.

 

 

 

 

Francisco

27/05/2023