Oiço as tuas
palavras mastigadas em prazer,
sinto o círculo das
tuas coxas alicerçado ao centro geométrico do meu corpo,
somos apenas um
ponto perdido no espaço...
traçamos parábolas
na cintilante areia do Mussulo,
e há na tua pele de
neblina adormecida... flores,
gaivotas,
revoltas,
palavras gritadas em
vão...
e gemidos rochedos
ao pôr-do-sol,
não habito em ti...
mas há barcos nas nossas veias,
cansados de amar...
marinheiros sem
pátria,
toda a gente nos
apedreja com silêncios
e medos
desgovernados,
somos um ponto em
movimento,
temos coordenadas,
e... massa,
a luz que nos
ilumina esconde-se entre a chuva miudinha do fim de tarde,
e toda a gente,
em delírio...
chicoteando as
nossas sombras,
em pedaços de
fotografias embriagadas pelo suicídio...
oiço as tuas
palavras mastigadas em prazer,
nesta cidade em
ruínas...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 7 de
Dezembro de 2014