O tejo
Se Deus estivesse no meio
de nós, nunca tínhamos feito amor naquele silêncio que abraçava a noite, junto
ao Tejo.
Enquanto trocávamos
carícias na ardósia da insónia, sentia as tuas mãos em pequenas brincadeiras no
meu peito, mordias-me a orelha esquerda, como se eu fosse um pequeno poema em
construção sobre a maré que cobria os nossos sexos; e a paixão incendiou-nos,
que do teu corpo em gotículas de prazer, eu, eu ouvia o mar.
O circo
Tínhamos quinze anos e
querias que eu fugisse contigo e transformar-me em trapezista. Como seria feliz
hoje se fosse trapezista, em vez disso, preferi ser poeta; o enforcado.
Os barcos
Imagino-os deitados sobre
mim na cama dos sonhos, pegam na minha mão e levam-me em grandes caminhadas pela
cidade, junto ao mar.
Hoje, sou o comandante de
todos estes barcos em cartão, todos estes barcos que habitam dentro do meu
peito, e às vezes, durante a noite, oiço os apitos de todos os luares de
Luanda.
Como é bom, ter a vossa
mão, meus queridos!
Alijó, 29/11/2022
Francisco Luís Fontinha