Que faço às
limalhas do teu olhar!
São pingos de
sofrimento embrulhados em folhas de alumínio,
folhas adormecidas,
folhas mortas, folhas... folhas embalsamadas,
E o teu olhar vive
num cubo de vidro,
respira as magoadas
madeixas de uma triste madrugada,
são singelas
paredes, são insignificantes sombras...
são transeuntes
encalhados numa calçada,
Que faço às
limalhas do teu olhar!
E o teu corpo voa
como a gaivota de amar,
poisa em mim como se
eu fosse o mastro cansado de um veleiro,
desço à preia-mar,
cerro os olhos para
não ver o teu triste olhar,
um cartaz
apressadamente preenchido, grita-me e obriga-me...
… e obriga-me a
chorar,
e obriga-me... e me
obriga a sonhar,
com o teu olhar,
as limalhas do teu
olhar quando prisioneiras das tempestades que os teus seios inventam,
esqueço,
e pareço...
o velho às voltas
com a roda da vida,
Sento-me em ti!
Sento-me em ti não
sabendo que és de papel,
que... que quando o
vento se enfurece, tu... tu desapareces, tu...
tu... tu te
transformas em silêncio,
em neblina,
em... em equação
sem resolução,
Que faço às
limalhas do teu olhar!
São pingos de
sofrimento embrulhados em folhas de alumínio,
folhas adormecidas,
folhas mortas, folhas... folhas embalsamadas,
Folhas como eu,
folhas como ele, folhas... folhas apaixonadas,
que faço, meu amor,
aos pingos do teu sofrimento,
quando vaiadas todas
as mandíbulas da paixão,
e ao acordar, a
minha mão não encontra o teu corpo de andorinha... tu, tu nunca lá
estiveste,
Tu... tu nunca
exististe dentro de mim,
tu, tu desejas não
desejando o amanhecer,
e é tão distante,
e é tão longínquo... que me perco nos teus braços invisíveis,
engano-me quando o
espelho da saudade me informa que hoje...
“hoje não há
felicidade”!
Hoje apenas existe
uma cidade, uma rua, e... e uma velha calçada,
sem pressa de fugir,
sem pressa de amar..., amar não amando os dias sem sentido,
eu sentado,
esperando que tu, que tu... que tu sejas tu e não a noite vestida de
limalhas, as limalhas do teu olhar!
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Terça-feira, 10 de
Junho de 2014