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Cachimbo de Água
terça-feira, 23 de julho de 2013
segunda-feira, 22 de julho de 2013
O verde rodeado em azul?
Desenho de: Francisco Luís Fontinha
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A simplicidade dos teus olhos, o silêncio agreste
da tua boca doirada, também em ti, quando dormem todos os desejos,
as cavernas da paixão, sós, nós, tu e eu, duas sombras, duas
simples sombras... nos abraços dos céus,
A simplicidade das tuas mãos, visíveis, e
invisíveis os teus lábios mergulhados no cacimbo que a noite
constrói depois de adormecerem todos os sonhos,
Em ti?
O quê?
O verde rodeado em azul? O azul misturado em verde,
caule frágil dos teus seios de amêndoa..., a simplicidade, o
silêncio, e o desejo com que as palavras nos absorvem, comem... como
os sexos em plataformas giratórias depois de cair a noite,
Simples, a simplicidade dos teus olhos, que nunca
vi, que nunca...
Ver?
Deixei de o fazer depois das navegantes viagens ao
teus púbis de solidão..., ver? Ver, o quê? Se o verde abraça-se
ao azul..., e este, o azul, ama compulsivamente... o verde; assim é
a cor dos teus olhos, definitivamente, sós, sós como as minhas
tristes mãos.
@Francisco Luís Fontinha
Alijó
Os pássaros teus olhos
foto de : A&M ART and Photos
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Deixei de perceber os pássaros teus
olhos
quando o mar se confunde com uma seara
de sofrimento
tombando entre ventos e marés como o
pôr-do-sol voando nas mãos do inverno...
mergulhando em ti palavras de fé
letras em paredes de gesso perdidamente
sós
como cobertores e espelhos da escada da
morte
que nos conduzirá até às árvores
das candeias envenenadas...
como serpentes de aço enroladas nos
braços teus meus abraços,
Beijos em bocas de porcelana
sexos invisíveis às janelas de
Domingo quando lá fora brincam crianças de madeira...
e as mães
indefesas
incrédulas...
acreditam na atmosfera límpida da
cristalina música que o amanhecer faz acordar
todas as manhãs
e a todos os dias sem preconceitos ou
tempestades de areia...
Deixei de perceber os pássaros teus
olhos
confundes-me com os teus lábios
oceânicos sacrificados com grandiosos petroleiros
e marinheiros embriagados com
sonâmbulos desenhos em cartolina...
deixei de perceber o amor e a paixão
os homens as mulheres os homens e os
homens e as mulheres e as mulheres
sobejantes pingos de cinza de um
mendigo cigarro
tudo mas tudo parece acreditar nas
madrugadas das pontes com pré-esforço...
e asas em veludo desejo.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
domingo, 21 de julho de 2013
Eu? Porquê?
foto de: A&M ART and Photos
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Uma,
Apenas uma palavra, uma só...
Pensa numa palavra e escreve-a na minha mão,
Vou... vou escrever rui, é isso, RIO,
Una única palavra à janela dos teus lábios
misturando-se no teu olhar o apaixonado rio, barcos e filhos, em
círculos como crianças em volta de uma lareira imaginária,
lágrimas de cacimbo engolindo sombras de mangueira, barcos e filhos,
Cacilheiros e pontes, atravessávamos e do outro lado, o Seixal, e
rumávamos a sul, paragem em Silêncios de Nada, uma pequena aldeia
minúscula encalhada entre a poesia e um reles texto de ficção
(não revisto)
Claro que sim, não revisto, não aprovado, não
Vês, apenas uma palavra, RIO... e nas tuas mãos
sei que habitam sorrisos, Louco, eu?
Claro, louco tu, porque
(não revisto)
Porque de uma palavra é impossível construir um
texto, porque de um RIO é impossível viverem barcos e filhos e
Cacilheiros, e dormirem pontes, e caminharem sobre ele
Comboios,
Filhos e filhas, e os pais, os barcos de braço dado
em frente a um espelho, bâton nos lábios, desejos na boca, sigilo
profissional, e tudo o que disser será usado contra a sua defesa...
(Foda-se)
Já o sabia, estes cabrões destes barcos novos...
mal começam a navegar e já deixam entrar água e outros objectos
indesejáveis aos habitantes portuários das Ilhas dos Pássaros
Adormecidos, lembras-te amor?
Amor, eu? Qual amor seu parvalhão? Vai chamar amor
ao...
Uma, vês, apenas uma
Parabéns ao vencedor!
Apenas uma e tu ficavas a perceber como se constroem
os muros nocturnos das cinzentas escadas de acesso ao céu...,
enrolavas-te numa toalha de linho
Eu? Deves ser malucos..., eu nunca, nunca...
E punhas-te à varanda a desenhar marés nas
gaivotas com boca de Cacilheiro, ouvíamos os apitos, ouvíamos os
muitos gemidos do pôr-do-sol, e ouvíamos o maldito som do Cuco do
relógio de sala, sempre desgovernado, tu,
Amor, são quatro horas,
Eu,
Vai chamar amor ao...
Olhava a parede sonolenta e ele parado, estacionado
ao lado do crucifixo em madeira, não sei muito bem porquê..., mas
sempre
Eu? Porquê?
Tive, mas sempre tive a sensação que ele me
espiava, quando entrava em casa madrugada dentro, embriagado,
fazia-me de invisível e sabia que tu...
Porquê?
Amor, és tu?
Vai chamar amor...
Não, não sou eu, sinto muito, deve ser o
Cacilheiro do quarto esquerdo, a brincar no ascensor, subindo,
descendo, parando..., subindo, descendo, descendo, descendo,
Amor?
Olhava a parede sonolenta e ele parado, estacionado
ao lado do crucifixo em madeira, não sei muito bem porquê..., mas
sempre
Eu? Porquê?
(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Os Sábados dos guindastes de solidão
foto de: A&M ART and Photos
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Tínhamos os Sábados dos guindastes de
solidão
comendo-nos como vampiros solstícios
desgovernados
havia em nossos corpos de ébano os
silêncios lábios da triste manhã
e percebíamos que as luzes da noite
anterior eram apenas cadáveres de areia
brincando nas dunas rochas dos seios
madrugar,
Transportava-te nos dedos em réstias
letras sobejantes dos pobres textos
que o louco EU deixara de escrever nos
espelhos da casa dos sonhos
e uma corrente de aço aprisionava o
vento marítimo dos barcos em flor...
tínhamos os Sábados dos guindastes de
solidão e uma lanterna de paixão
apoderou-se dos meus braços com
assentos circunflexos com vírgulas e parágrafos embriagados...
Amar-te percebendo que sei que não
existo... em ti e
dificilmente (efeito Borboleta) tocarás
nos velhos troncos dos plátanos de xisto
que habitam nos meus olhos...
Tínhamos... Sábados em tristes
guindastes de solidão
e todos os nossos livros deixaram de
ser livros e hoje... pássaros em liberdade.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Sílabas de papel
foto de: A&M ART and Photos
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Pertencer-me-ás sílaba de papel que
deixei suspensa em teus lábios cerâmicos
depois de adormecer sobre ti a noite
com cinco estrelas de marfim?
Pergunto-me sem perceber que há muito
perdi a esperança de levemente pegar em sílabas
que há muito me esqueci das rosas que
roubavas nos jardins junto ao Tejo...
pertencer-me-ás, tu, sílaba em papel
mergulhada em beijos de tinta?
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
sábado, 20 de julho de 2013
Bailarino, tu!
foto de: A&M ART and Photos
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Projecto-me tridimensionalmente no muro onde poisas,
todas as noites, os cotovelos, seguras a tua doce cabeça com as
pequeníssimas mãos de menina apaixonada, olho-te como se fosses uma
imagem prateada tingida com pedaços de azuis cerejas que numa tela
simplesmente mergulhada na noite desgovernada, ela, absorve-te,
alimenta-se de ti como as abelhas do feminino pólen com sabor a
masculino desejo, e depois de saber que és uma imagem prateada
tingida..., os pedaços de azuis cerejas borbulham-se-te com
cobertores suspensos numa janela dançarina, bailarina eu?
Bailarino, tu!
E de ti como as abelhas, desisto das parvas palavras
que finges ler, como fingias as noites dos cortinados de Lisboa,
baixavam-se as tímidas persianas do amor também ele..., tímido?
Bailarino, bailarino sem profissão conhecida,
artista sem arte, Tímido, eu? Que me dera ser como tu, uma triste
alga dentro do rio sonolento das varandas com gradeamentos
enferrujados, tristemente, eles, dentro de ti, às sílabas farto eu
escrever, Tímida ela?
Perdia-se-lhe os mínimos sons da sua voz nas
pétalas doiradas das rosas transeuntes das ruas prostituindo-se como
reles bancos de jardim, onde todos se sentam, e eles... apenas estão
lá, não pelo prazer, apenas estão lá porque os obrigam a estar,
porque se não fosse dessa forma...
Tímidos?
Os corpos reluziam como gaivotas, e das ripas em
madeira dos teus ombros, as alegres asas de porcelana, meu amor,
Tímida? Quando sei que o teu corpo é incenso que arde num prato de
cobre, música alimenta-se em ti, e os versos
Bailarino, tu!
E de ti como as abelhas, desisto das parvas palavras
que finges ler, como fingias as noites dos cortinados de Lisboa,
baixavam-se as tímidas persianas do amor também ele..., tímido?
Versos no cardápio ao preço de vinte e cinco euros
a dose, aprece muito, isenção de IVA, e com a oferta de uma bebida
branca...
Bailarino tímido, eu, ou tu?
Tenho uma vida cúbica, tenho sonhos quadrados e
sofro em círculo, sou um perfil geométrico, alimento-me de senos e
cossenos, fumos tangentes hiperbólicas, e faço o amor com as
equações diferencias..., afinal, quem sou eu? Um pedinte
matemático? Um bailarino/Bailarina, Tímida? Um hipercubo com braços
de esperma descendo escadas de cinzentos soníferos com orifícios a
imitar as janelas de luar?
Bailarino, tu?
És um triste, és uma integral tripla sobrevoando o
momento fletor dos teus livres seios na viga do desejo... oiço-te
gemer, a musicalidade da tua boca é uma pauta com sons débeis,
difíceis de engolir, fáceis de mastigar..., textos, palavras,
livros bolorentos entre vacas e carneiros no centeio do tio Joaquim,
vivíamos como dois palhaços embriagados pelos sorrisos das marés
envergonhadas dos longínquos mares que descobrimos nunca terem
existido..., e o vento
E o vento vai desalicerçar a tua singela estrutura
de bailarina rodando em redor do teu centro de massa cuspindo
momentos angulares como fazem as nuvens antes de adormecerem nos teus
braços...
Ainda acreditas, que, eu, Bailarino... Tímido?
(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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