foto de: A&M ART and Photos
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Uma,
Apenas uma palavra, uma só...
Pensa numa palavra e escreve-a na minha mão,
Vou... vou escrever rui, é isso, RIO,
Una única palavra à janela dos teus lábios
misturando-se no teu olhar o apaixonado rio, barcos e filhos, em
círculos como crianças em volta de uma lareira imaginária,
lágrimas de cacimbo engolindo sombras de mangueira, barcos e filhos,
Cacilheiros e pontes, atravessávamos e do outro lado, o Seixal, e
rumávamos a sul, paragem em Silêncios de Nada, uma pequena aldeia
minúscula encalhada entre a poesia e um reles texto de ficção
(não revisto)
Claro que sim, não revisto, não aprovado, não
Vês, apenas uma palavra, RIO... e nas tuas mãos
sei que habitam sorrisos, Louco, eu?
Claro, louco tu, porque
(não revisto)
Porque de uma palavra é impossível construir um
texto, porque de um RIO é impossível viverem barcos e filhos e
Cacilheiros, e dormirem pontes, e caminharem sobre ele
Comboios,
Filhos e filhas, e os pais, os barcos de braço dado
em frente a um espelho, bâton nos lábios, desejos na boca, sigilo
profissional, e tudo o que disser será usado contra a sua defesa...
(Foda-se)
Já o sabia, estes cabrões destes barcos novos...
mal começam a navegar e já deixam entrar água e outros objectos
indesejáveis aos habitantes portuários das Ilhas dos Pássaros
Adormecidos, lembras-te amor?
Amor, eu? Qual amor seu parvalhão? Vai chamar amor
ao...
Uma, vês, apenas uma
Parabéns ao vencedor!
Apenas uma e tu ficavas a perceber como se constroem
os muros nocturnos das cinzentas escadas de acesso ao céu...,
enrolavas-te numa toalha de linho
Eu? Deves ser malucos..., eu nunca, nunca...
E punhas-te à varanda a desenhar marés nas
gaivotas com boca de Cacilheiro, ouvíamos os apitos, ouvíamos os
muitos gemidos do pôr-do-sol, e ouvíamos o maldito som do Cuco do
relógio de sala, sempre desgovernado, tu,
Amor, são quatro horas,
Eu,
Vai chamar amor ao...
Olhava a parede sonolenta e ele parado, estacionado
ao lado do crucifixo em madeira, não sei muito bem porquê..., mas
sempre
Eu? Porquê?
Tive, mas sempre tive a sensação que ele me
espiava, quando entrava em casa madrugada dentro, embriagado,
fazia-me de invisível e sabia que tu...
Porquê?
Amor, és tu?
Vai chamar amor...
Não, não sou eu, sinto muito, deve ser o
Cacilheiro do quarto esquerdo, a brincar no ascensor, subindo,
descendo, parando..., subindo, descendo, descendo, descendo,
Amor?
Olhava a parede sonolenta e ele parado, estacionado
ao lado do crucifixo em madeira, não sei muito bem porquê..., mas
sempre
Eu? Porquê?
(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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