Trazes-me as palavras de dormir
para eu alimentar
a noite inventada,
trazes escrito no teu submerso olhar
os beijos encarnados da madrugada
quando os jardins sem destino
profundamente encalhados no poço da
morte
húmidos todos os homens abraçados ao
sargaço menino
sem sorte
escrito em sôfrego cigarro desvairado
coitado
do poema desalmado
na corda do vento,
sem o tempo definido
nas paredes das tardes de sorrir,
tão querido
o meu cão a latir
percebendo que nas minhas mãos de nada
a maldita madrugada
(a dos beijos encarnados)
escreve nas sílabas de sonhar
as palavras amarguradas
que alimentam a noite
a noite inventada.
(poema não revisto)