Experimento as espadas do sonho
quando rompem as ondas desgovernadas
das manhãs de Outono
na janela com fotografia a preto e
branco
os cotovelos alicerçam-se
e das raízes da solidão
ao longe
os socalcos de xisto mergulhados no
infinito cansaço
se eu tivesse um barco
voava sobre as nuvens de prata
quando o sol na minha mão
se extingue contra as rochas da noite
em findos minutos de nada
percebia-se pelos olhos do boneco de
palha
que as estrelas tinham deixado de
brincar
e que a lua menina
saltitava nos assobios dos melros
que era noite no lençol de linho
e alimentava as locomotivas com
círculos e palavras
que era sábado nos sábados embrulhado
no cobertor à procura da lareira
sabendo que um qualquer livro espera
por mim
e me abraça
nas salas despovoadas com mesas e
cadeiras mortas
e flores
flores mergulhadas no cio da neblina
(Experimento as espadas do sonho
quando rompem as ondas desgovernadas
das manhãs de Outono)
e flores
flores mergulhadas no cio da neblina
duas horas antes de eu adormecer...
(poema não revisto)
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