domingo, 14 de outubro de 2012

O sótão de sombras


As lágrimas das árvores
brincam no silêncio da tarde sem nome
na penumbra viagem do vento
acariciam-se os sorrisos das pedras
nos lábios do poema
fingindo orgasmos abstractos
que uivam dentro do cubo de vidro
e o homem com o chapéu construído de sonhos
leva na algibeira a moeda finíssima
para atravessar o rio da morte
quando chovem os teus cabelos
sobre a eira de Carvalhais,

oiço o sino da igreja
a enrolar-se nos pinheiros de papel
colados no muro da insónia
as palavras
as palavras dos pássaros voadores,

dentro do céu
as escadas que me transportam para o sótão de sombras
onde o candeeiro a petróleo
dorme vagarosamente no tecto da aldeia,

e cessam as sílabas
de todas as portas e de todas as janelas
que fervilham antes de cair a noite
em desejo.

(poema não revisto)

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