terça-feira, 16 de outubro de 2012

A nossa misera madrugada dos relógios infinitos


Mergulho nos cansaços das pedras doridas
com o coração prisioneiro num cubo de aço
quando o sorriso da revolta
dos pássaros
as flores que a noite come em pedacinhos de nada
a madrugada
a nossa misera madrugada dos relógios infinitos
o tempo escoa-se nas escarpas visíveis das rochas amargas
a boca
sem o beijo indesejável da aranha
abelhas
nas colmeias da insónia,

gostava de preencher os espaços vazios do medo
com os barcos envelhecidos
que o rio engole
com a língua do mar,

as abelhas nas colmeias da insónia
quando a madrugada
quarta-feira em desalinho,

ontem eu percebia que as árvores dançavam sobre as mesas de mármore
que no cemitério das ervas daninhas
as agulhas das tardes de Outubro
brincam com os comboios de papelão...

(as abelhas nas colmeias da insónia
quando a madrugada
quarta-feira em desalinho),

e descem sobre mim as lágrimas das nuvens incolores
nas persianas que o sol tece
e a tua mão semeia na terra vendada das palavras.

(poema não revisto)

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