Mergulho nos cansaços das pedras
doridas
com o coração prisioneiro num cubo de
aço
quando o sorriso da revolta
dos pássaros
as flores que a noite come em
pedacinhos de nada
a madrugada
a nossa misera madrugada dos relógios
infinitos
o tempo escoa-se nas escarpas visíveis
das rochas amargas
a boca
sem o beijo indesejável da aranha
abelhas
nas colmeias da insónia,
gostava de preencher os espaços vazios
do medo
com os barcos envelhecidos
que o rio engole
com a língua do mar,
as abelhas nas colmeias da insónia
quando a madrugada
quarta-feira em desalinho,
ontem eu percebia que as árvores
dançavam sobre as mesas de mármore
que no cemitério das ervas daninhas
as agulhas das tardes de Outubro
brincam com os comboios de papelão...
(as abelhas nas colmeias da insónia
quando a madrugada
quarta-feira em desalinho),
e descem sobre mim as lágrimas das
nuvens incolores
nas persianas que o sol tece
e a tua mão semeia na terra vendada
das palavras.
(poema não revisto)
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