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domingo, 10 de novembro de 2013

ofegantes dedos de cristal nas plumas do cansaço

foto de: A&M ART and Photos
os pigmentos da sinceridade desfazem-se nos meandros seios de espuma das andorinhas em flor
oiço-as vorazmente sem o saber
as canções melódicas das Princesas com vestidos de prata
os pigmentos olhos da mulher impregnada de insectos e palavras adversas
escondem-se
e mergulham nas algas salgadas dos campos de maré agoniada como papeis emagrecidos nas tendas do circo ambulante
sinto-os correr nas travessas dos carris do aço abraço
e acorrentam-se-me como se eu fosse um barco naufragado
fundeado no teu peito em arbustos artificiais como o era a tua boca transversal
e desconexa
ofegantes dedos de cristal nas plumas do cansaço avião invisível em pequenos desenhos de granito
e imaginas-me vagueando mendigos nas ruas de uma cidade sem lei
da cidade dos tristes corações de pedra...
sou forçosamente obrigado a suicidar-me pelas palavras que escrevo
e detesto quando acordam as manhãs de Domingo...
e não encontro os óculos
e não encontro a tua mão para me guiar até às escadas do silêncio


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 10 de Novembro de 2013

sábado, 9 de novembro de 2013

a vida de viver a vida sem a vida

foto de: A&M ART and Photos

viver sem saber o que é viver
viver a vida
mas que a vida se despede aos poucos de quem vive
a vida não vida vivendo acreditando que a vida...
a vida é viver sem saber o que é viver
ama-se a vida
e esquecemos-nos de quem nos ama sem a vida
vivendo
crescendo a vida dentro de nós
e longe da vida
a vida que nos espera quando formos apenas pó e pedacinhos de osso sem sabor
sem palavras de viver

a vida
a vida que se vive no meu corpo é um cansaço sem vida
viver sem saber que vivendo se vive... o que é viver...

o que é a vida.


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 9 de Novembro de 2013

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

neblinas marés do inferno

foto de: A&M ART and Photos

não precisaria da noite para reescrever-te e reinventar-te das neblinas marés do inferno
não precisaria de ver-te
acariciar-te
tocar-te como o faço sempre que te observo nas sombras dos cansados telhados de suor
não precisaria
mas também não fazia sentido sentir-te
sentindo-me agachado junto aos rochedos da miséria
indefinidamente
sem pontuação
nem um simples ponto final... e despedir-me
de ti

(sem precisar
não precisaria de despedir-me das pegadas em flor
ou
dos candeeiros verdes das janelas em plátanos solitários)

não precisaria de imaginar-me nas ravinas doentes das montanhas com reumatismo
obesas caminhando abraçadas aos três carris que o Inverno tece nas mãos da geada
não precisaria
e preciso
olhar-te
imaginar-te deitada no meu desajeitado colo
porque os meus joelhos parecem dobradiças enferrujadas
barcos encalhados nos finíssimos bancos de jardim
à madeira empobrecida
no caruncho bicho das palavras derretidas nos talheres do açúcar em pedra...
o mar alimenta-me a saudade
de precisar quando eu não precisaria... dos teus beijos amanhecer


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
quarta-feira, 30 de Outubro de 2013

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

poéticas madrugadas de ninguém

foto de: A&M ART and Photos

poéticas madrugadas de ninguém
mergulhadas no mar parecendo um veleiro embriagado
coitado...
poéticas manhãs sem sentido que da vida absorvem as tristes palavras de viver
as tristes caligrafias embainhadas no sofrimento alheio...
pensava-te dentro do meu corpo de estanho
montanha arrefecida depois da explosão de insónias labaredas em lábios de incenso
as tristes
poéticas madrugadas de ninguém
porque o são adormecem sem o saber
comendo magoados corações de areia
e bebendo as tempestades das sanzalas com telhados de vidro
poéticas tuas mãos
que poisam sobre o meu ombro curvado na sombra nocturna dos corredores sem portas
há fotografias perdidas que acordam de vez em quando
hoje umas
amanhã...
… as outras
todas elas poéticas madrugadas de ninguém
que ardem
e se extinguem no sonho de uma criança
esquecida
perdida...
perdida dentro do curvilíneo livro da infância


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 14 de Outubro de 2013

sábado, 17 de agosto de 2013

noite cinzenta

foto de: A&M ART and Photos

as pedras castanhas filhas da noite cinzenta
fundem-se-lhe nas mãos clandestinas que a dor adormece
faz de conta que vive
sem viver
sem resmungar com os transeuntes vestidos de negro
que se fazem passear
entre os gladíolos do jardim da insónia
e a triste numeração da calçada sem memória,

caçávamos borboletas dentro do escuro quarto com janelas gradeadas
e o aço que antes gemia
hoje morto
derretido como os dedos do poeta amaldiçoado,

as pedras castanhas filhas da noite cinzenta
em vidros de pergaminho...

cinzentas as árvores de linho
que adormecem nos teus cortinados
a fome emerge
submerge
como pregos semeados na seara tua cama
as pedras castanhas... como ravinas de azoto...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 17 de Agosto de 2013

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

As sílabas dos calendários falsificados

foto de: A&M ART and Photos

Não tenho dias de ti
em todos os horários mergulhados nas amoreiras cinzentas
não posso acreditar nas tuas tristes palavras
que alimentam a máquina dos sonhos
não
não tenho dias de ti
e em ti
as películas negras da paixão
desertaram
morreram
esgotaram-se como amêndoas de cartão
no amanhecer desconhecido,

Não
não tenho dias de ti,

Em ti
e em ti,

Não
não tenho dias em ti
e em ti,

Não tenho dias de ti
às conversas mórbidas das tardes poeirentas
há silêncios que demoram...
há em ti
momentos
desejos
circos ambulantes entre rosas e palavras sem sentido
tu
eu
perdidos dentro do mundo sem fechadura...
e sofremos
e sofremos as sílabas dos calendários falsificados.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
sexta-feira, 16 de Agosto de 2013

sábado, 10 de agosto de 2013

Pedras rasuradas

foto de: A&M ART and Photos

As pedras rasuradas que alimentam os teus olhos
às lágrimas choradas
como ribeiras em declínio tombando sobre a calçada
vêm as árvores à tua dócil mão de chocolate adormecido
vens tu procurar-me no interior da fértil maré que a solidão semeia nos teus seios...
sou filho pródigo do teu ventre
sou as palavras que escreves nas pálpebras da inocência
as pedras
rasuradas...
onde deitas o teu cabelo em pedacinhos amanhecer
sombras e telhados olham um líquido escorrer...
das folhas enlameadas dos velhos saberes,

Choram as tuas pedras rasuradas
um livro recusado à mão escrever
escorrem de ti as uvas embriagadas...
em videiras tuas lágrimas choradas
as pedras
e o feitiço dos lábios suspensos na tua boca
as pedras
loucas quando adormeces sobre mim antes de nascer o sol,

Loucas quando... nascer o sol
as tuas pedras amarguradas
as tuas doces pedras rasuradas
que a chuva engole nas tardes de neblina...


@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 10 de Agosto de 2013

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

e sinto o meu esqueleto vaguear sobre as tuas coxas de cereja

foto de: A&M ART and Photos

embriagas-me os olhos em silêncios neblina
como esperanças vãs
e manhãs adormecidas
que dentro ti
voam como serpentes em desejo
no veneno tua doce mão
que dentro de ti
entre o beijo e a saudável poesia
embriagas-me
os meus olhos sintéticos pintados com acrílicas insónias
e dizes que as minhas pálpebras são os pedaços da noite
mergulhadas em mesas de café...

embriagas-me como paixões de areia
no coração dos barcos apaixonados
indefinidos sem saberem o sexo das marés travestidas de baloiço
onde me embriagas
e me comes
e sinto o meu esqueleto vaguear sobre as tuas coxas de cereja
como um transeunte ausentado das madrugadas em papel
branco vazio sem palavras ou... recheado de cadáveres empobrecidos...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó

terça-feira, 1 de maio de 2012

Quatro paredes de ardósia

Limito-me a quatro paredes
de ardósia
e ao cheiro do mar,

limito-me às palavras de argila
semeadas nas tardes imaginárias
sem mendicidade
sem saudade
na cidade,

Limito-me a quatro paredes
de ardósia
e ao cheiro do mar,

sentado
não sabendo
que sendo amado
vou lendo...
um livro cansado,

ao acordar,

e ao cheiro do mar,

limito-me sofrendo não sofrer
sem perceber que a noite é como a morte
sem sorte
dentro de um corredor profundo
o mundo
ao adormecer.