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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

neblinas marés do inferno

foto de: A&M ART and Photos

não precisaria da noite para reescrever-te e reinventar-te das neblinas marés do inferno
não precisaria de ver-te
acariciar-te
tocar-te como o faço sempre que te observo nas sombras dos cansados telhados de suor
não precisaria
mas também não fazia sentido sentir-te
sentindo-me agachado junto aos rochedos da miséria
indefinidamente
sem pontuação
nem um simples ponto final... e despedir-me
de ti

(sem precisar
não precisaria de despedir-me das pegadas em flor
ou
dos candeeiros verdes das janelas em plátanos solitários)

não precisaria de imaginar-me nas ravinas doentes das montanhas com reumatismo
obesas caminhando abraçadas aos três carris que o Inverno tece nas mãos da geada
não precisaria
e preciso
olhar-te
imaginar-te deitada no meu desajeitado colo
porque os meus joelhos parecem dobradiças enferrujadas
barcos encalhados nos finíssimos bancos de jardim
à madeira empobrecida
no caruncho bicho das palavras derretidas nos talheres do açúcar em pedra...
o mar alimenta-me a saudade
de precisar quando eu não precisaria... dos teus beijos amanhecer


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
quarta-feira, 30 de Outubro de 2013