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domingo, 5 de janeiro de 2014

Fotografia sem nome

foto de: A&M ART and Photos

Perspectivo-me sobre a sombra lâmina do teu sorriso de gaivota sem poiso
há uma linha transversal que nos separa e aproxima
como uma fotografia sem nome na mão do louco muro em xisto
desço às fronteiriças margens do desejo
desço até que sou engolido pelo cosseno de trinta e cinco graus dos teus lábios...
desejarás-me ainda depois das equações diferenciais dormirem dentro dos quadriculados cadernos?
Invejo-te a liberdade
e os voos nocturnos quando se esquecem de ti e tu
e eu
suspensos no estendal das sílabas poéticas que o veneno da tua boca alicerçou na tempestade
há em nós uma circunferência de luz com braços de areia
húmidas todas as palavras dos anzóis do medo das sanzalas com vozes de zinco
com olhos de fome...
e chove
chove sobre o teu corpo de nylon onde se abraçam os barcos desvairados quando o vento se entranha no amor e nos transporta para o infinito
e lá ao fundo... a sombra lâmina do teu sorriso de gaivota sem poiso.


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 5 de Janeiro de 2014

domingo, 29 de dezembro de 2013

espuma verde

foto de: A&M ART and Photos

um pequeno silêncio de espuma verde envolvia o teu corpo
a nuvem do desejo acordava lentamente nos teus olhos
havia um pequeno holofote a que chamavam de solidão...
e permanentemente em suspenso... começava a desaparecer do céu tua mão
o medo vestia-se com a roupa tua da noite anterior
trazias na algibeira pequenos sons melódicos e papeis poéticos
que decidimos lançar na fogueira da lareira da insónia
abrimos a janela da noite
e a noite recebeu-nos como se fossemos dois pássaros moribundos
cansados de voar
o teu corpo mergulhava no meu
e um líquido esponjoso ressaltava contra os vidros tristes da madrugada
queria ser como tu
uma rosa sem destino
sem nome
apenas numa palavra...
apenas
e só
uma letra prisioneira no teu cabelo castanho...
tínhamos o luar e as estrelas convexas do céu da inocência
e as lágrimas da tarde junto ao rio
deixaram de correr no teu rosto de roseira brava
agarravas-me com os teus dentes de marfim
e sentia no meu peito as tuas garras de mpingo solitárias das ruas da cidade dos morcegos
e tão triste
o apego
o sossego
o desemprego...
e só
tão só
que suicidou-se ao primeiro segundo de acordar a luz triangular do sorriso...
desgovernado
embriagado...
apenas
e só...
ele... o coitado... um pequeno silêncio de espuma verde envolvido no teu corpo.


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 29 de Dezembro de 2013

domingo, 8 de dezembro de 2013

cadáveres de cartão

foto de: A&M ART and Photos

a rosa assassina que dorme no silêncio do teu livro
come-lhe as palavras
inventa segredos
imagens
cores...
sorrisos que às vezes parecem tempestades
e paixões disfarçadas de cadáveres
que às vezes...
parecem... que às vezes parecem a rosa assassina
do teu livro
à tua mão
o meu beijo alicerçado aos teus espelhos de Verão


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 8 de Dezembro de 2013

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Amanhecer olhar

foto de: A&M ART and Photos

O negro silêncio que o teu sorriso ilumina
as pedras em cubos
como chocolate adormecido nos lábios de uma menina
uma porta encerra-se e a rua vai ficar deserta
a janela aberta
porque o velho mendigo
vai seguro e está vivo
e a rua... morta de sono... e a rua... consumida pelo fogo da vaidade,

O negro acorda
sabendo ele que os rios são de brincar
que os barcos são filhos dos rios
e as madrugadas
amantes dos homens apaixonados
que trazem com eles o mar
e as nuvens
a as cores do teu amanhecer olhar.


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 22 de Agosto de 2013

sábado, 13 de julho de 2013

Poéticos e melódicos

foto de: A&M ART and Photos

Escrevi-te imensas vezes enquanto percebi a tua ausência, elas, as palavras que dormiam no papel perfumado, amontoavam-se sobre a mesa da sala de jantar, e quando chovia, da rua chegavam até nós pequenas migalhas de lágrimas, havia poéticos sons suspensos nas paredes encarnadas do velho apartamento da rua das flores, inventavas-me quando eu nunca existi para ti, ou em ti, ou dentro de ti,
Era um homem só, tu dormias incessantemente como se fosses o sono, e apenas em frente ao espelho do guarda-fato, confessavas que me amavas,
Amo-te meu querido,
Nunca acreditei nas nuvens, nem nas flores que davam o nome à rua onde habitávamos, nem nas palavras que ia deixando num pequeno post-it, tinhas nas olheiras os livros deixados na casa de Favarrel, dançavas quando te sentavas sobre o meu colo rochoso, imaginava-te como gaivota ensaiando voos na claridade do espelho da vaidade, vestias-te como um príncipe eterno de mãos canelares e braços adormecidos pelo vento desgovernado que regressava de ontem,
Amo-o,
Não sei o que foi o amor, perdi-te enquanto dormíamos num quarto de pensão inventado nas catacumbas do silêncio, ouviam-se os sons melódicos da menina de sorriso
(o mais lindo sorriso)
Chique e bela, como, amo-o, chique e bela como as ondas quadriculadas do mar que brincava no caderno de matemática, o sorriso engraçava-lhe as curvas crepusculares do corpo esculpido no desejo, sobre o pedestal do velho mar, uma língua de areia com sonhos de solidão desciam-lhe do cabelo camuflado por alguns poemas..., (o mais lindo sorriso), as imagens reflectiam-se-lhe nos seios de pétala branca, sobressaiam-lhe as sombras do soutien de papel que retirava e deixava simplesmente cair sobre as pequenas gotículas de suor, havíamos combinado resistir à tentação de sermos absorvidos pelo oceano..., levado, comido, nas ondas sem currículo, e mesmo assim, resistimos ao fantasma com olhos de cristal,
Amo-te meu querido,
Chique e bela, o sorriso... o mais brilhante do eterno desejo, amo-o, e da rua das flores, hoje, ela, o perfume, as gotículas de suor entre as ranhuras das pequenas pedras da calçada, ela é bela, ela é... e ele entre o primeiro
Amo-o,
E
E ela depois do segundo sorriso..., chique e bela, de sorriso semeado em lençóis de linho, havia uma estrela, bordada pelas mãos dele, enquanto, ela, ele, semeavam suspiros à janela da noite...
Amo-o, amo-a, desejando-os como telas clandestinas no cavalete de um pintor, louco, estrábico..., ele e ele, ela,
Amo-os,
Chique e bela, como todas as madrugadas dos teus olhos, poéticos e melódicos...

(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 28 de maio de 2013

Como tu em ripas do jejum anunciado

foto: A&M ART and Photos

Queria ser como tu não sorrido como eu
queria ser um veneno que habitasse no teu peito
um construtor de insónias
um transeunte faminto combinando encontros nas paragens do eléctrico
sem bilhete e despido e ausente deprimido,

Queria ter-te e ser como tu não sabendo que lá fora choram as garças
que amanhã é quarta-feira e as nuvens deixaram de ser em algodão
e as horas não são não
mais torrões de açúcar deitados na tua mão
queria ser como tu e não saber que existem noites em noites como noites...

Assim nuas despidas contínuas e semeadas entre planícies e almas desesperadas
como tu eu um esqueleto de vento saboreando pipocas
numa cadeira junto ao rio
sonhando não sonhando com frio em cio
como tu quando acordas e dás-te conta que eu nunca existi em ti,

Porque sou um banco simples de jardim
como tu em ripas do jejum anunciado
queria voar como voavam os teus cabelos no silêncio dos paquetes em movimento
como tu eu assim... deambulando na ponte para o amanhã não sabendo dizendo
como tu que as rosas têm espinhos de porcelana e lábios de andorinha,

Porque sou um camelo desorganizado
não como tu porque tu és sossego e plenitude prometida
palavras em degraus de escada
contra o corrimão assim como tu deitada
à espera que regresse a madrugada dos ilustres corredores da paixão...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Vivo, preciso de viver, como os peixes do teu aquário...

foto de: A&M ART and Photos

Tinhas-me inventado debaixo da sonolência que a transpiração das árvores deixava impregnada entre roupas e pequenos papeis, havia entre nós uma caneta de tinta permanente, negra, havia nas nossas algibeiras alguns pedaços de granito, olhos, lábios, pintados, nuvens, algumas em pano simples algodão com tranças castanhas, na cabeça, um laço de porcelana, e tínhamos, e víamos, e sentíamos, os doces milhafres da saudade,
vivi como um sonâmbulo canino dentro de um canil de verniz, percebia pela claridade que pertencia aos desperdícios de um candeeiro, algures, perto de mim, algures, feito de ferro enferrujado, um paquete mergulhado nos teus seios, homens, mulheres e crianças, todos à espera da ancoragem, devagar, tão lentamente... que percebia-se-lhe, das pequenas sombras, os distanciamentos milimétricos até atingir o cais, longínquo, atulhado de caixotes, carros desgovernados acabados de sair do porão, metros debaixo de água, de cima, tão pequeninos... as formigas e as abelhas suspensas nas madrugadas de nós, enquanto a janela aberta nos silenciava os corpos húmidos pelo suor da noite em cacimbo que os pequenos cubos de vidro absorvem,
Da saudade, porquê se todas as noites cerram-se as persianas do amor, como lajes de granito sobre a terra árida do monte em pequenos delírios, como árvores em busca da sombra, como sexos à procura da insónia no divã expressamente deitado sobre o soalho do quarto vazio, sombrio, porque da janela, nada, nem a abertura, nem a luz, nada, sobejou entre nós, naquela noite, em escuridão, quando deixamos-nos adormecer e os nossos corpos passaram a zumbis envenenados pela saliva da tua boca com sabor a mar...
havia algas, havia pequenos grãos de areia, havia...
Imagens, sorrisos travestidos de dor, mãos cinzentas na penumbra como se o laço de porcelana que trazias na cabeça, hoje eternamente doentio, sobrevivesse ao cataclismo dos morcegos que alimentam a noite com pequenas migalhas de sangue, alguns répteis e outras tantas telas prontíssimas como o destino da fogueira, flores, lápis de cor, pastel misturado com suor, o teu corpo permanece dilacerante como a dança dos arbustos na despedida com a ajuda dos sorrisos construídos nas horas de vazio, o contador mergulha no horário e pára quando entras em casa, e percebo que o teu olhar fulmina qualquer ser vivo,
também eu, sinto-me vivo, ou não? Também eu adoro sorrisos e beijos de amêndoa recheadas com chocolate, também sonho com noites, inventadas por ti, e acariciadas por mim, também eu
Vivo, preciso de viver, como os peixes do teu aquário, “se tens aquário”, se não tiveres um aquário, peço desculpa pela ofensa, e onde se lê “como os peixes do teu aquário” deve ler-se “como os peixes do teu silêncio ventre”, e amanhã regressará o candeeiro do amor, entre cartas e flores em desenhos, pequenos guardanapos com parvas palavras, mas é isto o amor?
claro que eu percebia pela tua silhueta que um dia deixarias de aparecer junto à lua, percebia-se que um dia deixarias de sorrir, talvez só o tenhas deixado para mim, mas eu percebia tudo isso, excepto...
Porque morrem as fotografias com imagens a preto-e-branco?
Excepto que há sorrisos infinitos, como duas rectas paralelas se encontram no infinito, tudo isso eu percebo, nada de corações entendo, apenas que uns são de xisto, outros de açúcar... e ainda há aqueles invisíveis, frios, húmidos como as margens de uma ribeira que desce a montanha, e não esquecendo os pedaços de granito, olhos, lábios, pintados, nuvens, algumas em pano simples algodão com tranças castanhas, na cabeça, um laço de porcelana, e tínhamos, e víamos, e sentíamos, os doces milhafres da saudade, e das ruas vinham até nós os morcegos das noites sem numeração, confundiam-se nos números de polícia, e quando queriam entrar no número vinte e três da rua do Deserto, não, nem tão pouco, próximos, se encontravam da rua do Deserto, quanto mais do número vinte e três, e assim, e assim
porque morrem as fotografias com imagens a preto-e-branco?
Consegui afugentar os morcegos das tuas mãos de linho, consegui que os mesmos morcegos, quando esfomeados, nunca tenham encontrado a tua boca em desespero pelos meus lábios, e hoje, espero, acredito,
o que é acreditar, pai?
Acreditar... não sei filho, há muito o deixei de fazer.

(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Os teus olhos em noite vestida de azul


Numa tela vazia
nasce a noite vestida de azul
descem do céu os anzóis clandestinos do sorriso

numa tela vazia
vou construindo a minha vida de nada
e no rio cansado que dorme à minha porta
brincam as sombras semeadas pela tua mão perfeitamente cintilante
que a noite vestida de azul ilumina
e transforma em corpo de mulher

azul
perfeitamente cintilante
a noite onde escreves os gritos de revolta
na areia fina e escura
o meu nome alicerça-se nos silêncios de Angola
azul
a noite
fina e escura
em corpo de mulher
numa tela vazia
sem cor
os teus olhos.

(poema não revisto)

terça-feira, 22 de maio de 2012

Fingidos amigos


Detesto sorrisos
dentes fingidos
noites perdidas
dias sem sabor
morangos sem açúcar
leite com café

detesto sorrisos
dentes fingidos
bocas amargas
detesto sorrisos
fingidos amigos
sentados à esplanada

detesto sorrisos
dentes fingidos
cabras com guizos
chibos

detesto sorrisos
dentes fingidos
livros de merda
palavras como eu
corpos de merda
à procura do céu

detesto sorrisos
dentes fingidos

fotografias com cor
poemas de amor
detesto sorrisos
dentes fingidos
madrugadas à janela
noites de merda

(detesto sorrisos
dentes fingidos)

fingidos amigos.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Antes de acordar a noite

Se eu tivesse
um leve sorriso nos lábios
que se acorrentasse às árvores nuas e tristes

se eu tivesse
asas para voar
e sonhos...
e sonhos para sonhar

e mar
e mar para caminhar

se eu tivesse tudo isso
provavelmente estaria morto
dentro de uma rocha suspensa na montanha
antes de acordar a noite

e longe e longe e longe...
o rio
e barcos de papel

se eu tivesse
um leve sorriso nos lábios
… às árvores nuas e tristes
eu abraçava-me

quarta-feira, 14 de março de 2012

Sorriso oblíquo

Oblíquo o meu sorriso
Quando se abraça a duas retas paralelas
Depois da tempestade
E antes de acordarem todos os olhares
Que atormentam a maré

Ridículo o meu olhar
As flores e todos os braços das árvores

E todas as sombras da noite
E todas as ondas do mar.