foto de: A&M ART and Photos
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um pequeno silêncio de espuma verde
envolvia o teu corpo
a nuvem do desejo acordava lentamente
nos teus olhos
havia um pequeno holofote a que
chamavam de solidão...
e permanentemente em suspenso...
começava a desaparecer do céu tua mão
o medo vestia-se com a roupa tua da
noite anterior
trazias na algibeira pequenos sons
melódicos e papeis poéticos
que decidimos lançar na fogueira da
lareira da insónia
abrimos a janela da noite
e a noite recebeu-nos como se fossemos
dois pássaros moribundos
cansados de voar
o teu corpo mergulhava no meu
e um líquido esponjoso ressaltava
contra os vidros tristes da madrugada
queria ser como tu
uma rosa sem destino
sem nome
apenas numa palavra...
apenas
e só
uma letra prisioneira no teu cabelo
castanho...
tínhamos o luar e as estrelas convexas
do céu da inocência
e as lágrimas da tarde junto ao rio
deixaram de correr no teu rosto de
roseira brava
agarravas-me com os teus dentes de
marfim
e sentia no meu peito as tuas garras de
mpingo solitárias das ruas da cidade dos morcegos
e tão triste
o apego
o sossego
o desemprego...
e só
tão só
que suicidou-se ao primeiro segundo de
acordar a luz triangular do sorriso...
desgovernado
embriagado...
apenas
e só...
ele... o coitado... um pequeno silêncio
de espuma verde envolvido no teu corpo.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 29 de Dezembro de 2013
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