Pego nestes barcos em papel cremado
E lanço-os ao mar da
saudade,
Uns voam, outros navegam
sobre a cidade,
E ainda outros… parecem
um rochedo encalhado,
Tal como um coração
despedaçado,
Quando o Outono
transporta o luar,
E há sempre uma pequena
lágrima no mar,
Porque estes barcos em
papel cremado
São como corpos sepultados,
Riem, choram e dizem que
a noite estrelar
Os deixa muito cansados,
Como as tuas flores, na
madrugada…
São gemidos, são vozes a
suplicar,
Porque são as tuas
flores; as tuas flores de amar.
Alijó, 05/10/2022
Francisco Luís Fontinha