segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Manhãs de Outono

 

Poisam na tua voz

Os beijos das flores aprisionadas,

Sentam-se na tua voz

As tardes de mim, distantes e cansadas,

 

Deitadas

Nas andorinhas floridas.

Poisam na tua voz

As lágrimas perdidas…

 

Enquanto estas tristes palavras

Morrem junto ao mar;

Poisam na tua voz

Os barcos que não conseguem zarpar…

 

Porque se sentem sós,

Porque estão amargurados…

Poisam na tua voz

Os corpos amarrotados,

 

Invisíveis pelas manhãs de Outono.

Poisam na tua voz as pedras cinzentas

Que brincam no meu jardim,

E onde todas as noites te sentas…

 

E ficas longe de mim.

Poisam na tua voz todos os poemas em revolta,

Poisam as estrelas, poisa o luar…

E tudo aquilo que não volta.

 

 

 

Alijó, 03/10/2022

Francisco Luís Fontinha

Sem comentários:

Enviar um comentário