Apaixonado,
eu?
O
corpo incha como uma orquestra desafinada, os lençóis de linho misturados com
os beijos nocturnos do sémen inventado pelos rochedos da memória, hoje há
caracóis, sardinhas... os monstros marinhos da tua língua, os teus seios
abraçados a uma tela vazia, branca, triste como as ruas da cidade do abismo,
Hoje?
O
velho caixote em madeira embrulhado com as comestíveis sereias de açúcar, a
fotografia sempre extinta no meu olhar, não
Existes?
Talvez...
Mas
sonhava, desenhava figuras geométricas nos lençóis da tempestade, sacudia as
infames equações do orgasmo, e
Silêncio...
Que
roupa vou vestir amanhã, mãe?
Silêncio,
E
depois dos desejados sonhos do meu candeeiro
Porque
nunca rezei,
Mãe...!
Navegas
na morte, habitam em ti as saudades da partida, o regresso sem saída, absorto, infinitesimal
adormecido numa lápide de sonho, partimos, chegamos, o frio entranhou-se-nos
nos ossos, esquecemos as palavras, e todos os momentos, a loucura imaginária
dos vinhedos escrevia nos rochedos... o xisto disfarçado de “Alimento para
Cães”, as ruas inúteis, fúteis, onde ”putas e drogados” dormiam para fugirem ao
vicio, a emigração dos corações de areia, a sedução, o prazer quando o teu
corpo balançava na alegria, o sótão vazio, o telhado encravado nas ombreiras da
paixão,
Amo-te,
escreve ela todos os dias no espelho embaciado,
Amas-me?
O
que é o amor, meu amor...
Palavras,
poemas, poetas... & mortos sem cabeça, Amas-me? O que é o amor, meu amor...
Pedra,
madeira...ou papel quadriculado,
Oiço
“Foda-se
o amor”
E...
Francisco
Luís Fontinha
18/10/2018