quinta-feira, 18 de outubro de 2018


Apaixonado, eu?
O corpo incha como uma orquestra desafinada, os lençóis de linho misturados com os beijos nocturnos do sémen inventado pelos rochedos da memória, hoje há caracóis, sardinhas... os monstros marinhos da tua língua, os teus seios abraçados a uma tela vazia, branca, triste como as ruas da cidade do abismo,
Hoje?
O velho caixote em madeira embrulhado com as comestíveis sereias de açúcar, a fotografia sempre extinta no meu olhar, não
Existes?
Talvez...
Mas sonhava, desenhava figuras geométricas nos lençóis da tempestade, sacudia as infames equações do orgasmo, e
Silêncio...
Que roupa vou vestir amanhã, mãe?
Silêncio,
E depois dos desejados sonhos do meu candeeiro
Porque nunca rezei,
Mãe...!
Navegas na morte, habitam em ti as saudades da partida, o regresso sem saída, absorto, infinitesimal adormecido numa lápide de sonho, partimos, chegamos, o frio entranhou-se-nos nos ossos, esquecemos as palavras, e todos os momentos, a loucura imaginária dos vinhedos escrevia nos rochedos... o xisto disfarçado de “Alimento para Cães”, as ruas inúteis, fúteis, onde ”putas e drogados” dormiam para fugirem ao vicio, a emigração dos corações de areia, a sedução, o prazer quando o teu corpo balançava na alegria, o sótão vazio, o telhado encravado nas ombreiras da paixão,
Amo-te, escreve ela todos os dias no espelho embaciado,
Amas-me?
O que é o amor, meu amor...
Palavras, poemas, poetas... & mortos sem cabeça, Amas-me? O que é o amor, meu amor...
Pedra, madeira...ou papel quadriculado,
Oiço
“Foda-se o amor”
E...
 
 
Francisco Luís Fontinha
18/10/2018

Sem comentários:

Enviar um comentário