(desenho de
Francisco Luís Fontinha)
preciso das tuas
asas para sorrir
vivi numa casa que
apelidaram de “borboleta”
nada tinha
às janelas faltavam
os vidros
os cobertores tinham
partido em viagem silenciosa
e nunca mais
regressaram
quando ia à janela
via o mar
e a Baía de Luanda
cá
não mar
cá
não asas para
sorrir...
a “borboleta”
tinha medo das minhas mãos
e quando encostava a
cabeça às frestas do gesso cansado
sentia um barco
atrapalhado descendo as escadas
correndo
como uma gaivota
que nunca
nunca... quis entrar
dentro da “borboleta”...
porque ela era filha
de um papagaio imaginado pela criança de porcelana.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 23 de
Janeiro de 2015