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quarta-feira, 24 de abril de 2019

A revolução dos petroleiros


O fogo.

O belo que arde,

O feio que resiste à tentação da paixão.

As lâminas da solidão quando alimentam as madrugadas de Inferno,

O algodão,

A barriga negra, queimada pelo xisto abstracto da noite,

O cansaço da fogueira,

Que descansa na calçada,

As lâmpadas do sofrimento,

O belo que arde,

O fogo,

A fogueira onde brincam as flores,

Os pássaros e as abelhas,

Poisam docemente nos teus lábios…

Apenas nos teus; em mim, não.

O medo de arder enquanto chove na minha mão,

O medo de te perder enquanto chove no meu corpo salgado pelo Oceano do clitóris…

Amanhã,

Não.

O fogo,

O regresso das espingardas de cartão,

Pummmmmmmmmmmmmm….

Suicida-se a poesia nas lápides,

Suicida-se o poema nas palavras tristes das lápides…

E… PUM.

O tiro certeiro na cabeça do carteiro,

A revolução dos petroleiros que a maré vomitou,

Marinheiros,

Mulheres,

Gajas, gajos,

Embriagados pelo amor.

Eu não.

Nunca.

Pum.

Morreu o caderno negro.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

24/04/2019

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Clandestino


(desenho de Francisco Luís Fontinha)


não imagino a tua ausência
meu amor
sou o espelho do sofrimento
da tua luta
imagino as tuas lágrimas de silêncio
no pergaminho sono da clandestinidade
vais morrer
e nada tenho para escrever na tua lápide....


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 20 de Janeiro de 2015

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

uma lápide de silêncio sem sentido nos teus lábios

foto de: A&M ART and Photos

uma lápide de silêncio sem sentido nos teus lábios
havíamos conversado quando nada o fazia acreditar
que a noite trazia as correntes verticais da chaminé do desassossego
havia uma janela no teu peito
e sempre que te visitava
desenhavas-me um beijo nas minhas mágoas de Salomão
tínhamos descoberto o olhar e os olhos e as pálpebras que escondem o olhar
quando terminava o dia e recomeçava o amanhecer nas coxas de uma flor esverdeada
tinhas-me desenhado com lápis de cor nas nuvens dos três ângulos
e eu sentia-me envergonhado por pertencer às estrelas sem nome
vagueando entre poeira e pedaços de madeira tristemente abandonadas
como o Céu onde pensavas que eu habitava
não não meu amor
sou alérgico ao Céu e aos habitantes do Céu
não não meu amor
sou alérgico às palavras e às lápides negras com bocas de porcelana
não
não meu amor...
uma lápide de silêncio sem sentido nos teus lábios
não quer dizer saudade
um cigarro na tua boca não significa tempestade
vento
beijos impregnados num lenço de claridade
não não meu amor... uma lápide é uma lápide
um beijo é um beijo
e a noite
às vezes
e a noite nem sempre é a noite
porque tínhamos descoberto o olhar e os olhos e as pálpebras que escondem o olhar
e descobrimos o verdadeiro amor...


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 6 de Novembro de 2013