foto de: A&M ART and Photos
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uma lápide de silêncio sem sentido
nos teus lábios
havíamos conversado quando nada o
fazia acreditar
que a noite trazia as correntes
verticais da chaminé do desassossego
havia uma janela no teu peito
e sempre que te visitava
desenhavas-me um beijo nas minhas
mágoas de Salomão
tínhamos descoberto o olhar e os olhos
e as pálpebras que escondem o olhar
quando terminava o dia e recomeçava o
amanhecer nas coxas de uma flor esverdeada
tinhas-me desenhado com lápis de cor
nas nuvens dos três ângulos
e eu sentia-me envergonhado por
pertencer às estrelas sem nome
vagueando entre poeira e pedaços de
madeira tristemente abandonadas
como o Céu onde pensavas que eu
habitava
não não meu amor
sou alérgico ao Céu e aos habitantes
do Céu
não não meu amor
sou alérgico às palavras e às
lápides negras com bocas de porcelana
não
não meu amor...
uma lápide de silêncio sem sentido
nos teus lábios
não quer dizer saudade
um cigarro na tua boca não significa
tempestade
vento
beijos impregnados num lenço de
claridade
não não meu amor... uma lápide é
uma lápide
um beijo é um beijo
e a noite
às vezes
e a noite nem sempre é a noite
porque tínhamos descoberto o olhar e
os olhos e as pálpebras que escondem o olhar
e descobrimos o verdadeiro amor...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 6 de Novembro de 2013
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