quarta-feira, 6 de novembro de 2013

sílabas adestrais nas amoreiras vãs da cidade dos desejos vagabundos

foto de: A&M ART and Photos

oiço as tuas sílabas adestrais nas amoreiras vãs da cidade dos desejos vagabundos
tenho-te aprisionada no coração de pedra que a saudade deixou ficar em mim
sinto-te mergulhada nas palavras órfãs dos vadios poemas de encantar
e vêm da madrugada os guindastes mórbidos dos arvoredos em flor
sou um barco desgovernado
apaixonado
desamado
e desalmado
porque vendi a minha alma
ao Oceano mar dos defuntos poemas sem nexo
oiço a minha voz transformada em migalhas de areia
e pedaços de marmelada

sou um vagabundo?
sou um homem sem sentido procurando o sentido de viver
amar
sofrer
e chorar
oiço de ti os milímetros quadrados das janelas viradas para o mar das caravelas adormecidas
que sobejaram dos cobertores húmidos do desejo
o teu corpo evapora-se nas minhas doces e tristes mãos de arbusto desiludido
sei que me esperas numa rua da cidade
sem nome
sem saudade
das sílabas adestrais nas amoreiras vãs da cidade dos desejos vagabundos


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
quarta-feira, 6 de Novembro de 2013

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