não queiras ser
como eu
não o desejes
sabendo que o desejar não existe
é um fantasma
vestido de saudade
é uma estrela
embrulhada em madrugadas de azoto
como os nossos
braços
abraçados à árvore
do desgosto
não tenhas medo do
vazio
dos buracos negros
que existem no teu corpo
não o queiras
desiste
viaja para o cimo da
montanha
e acredita no Luar
não chores
não adormeças...
não queiras ser
como eu
um baobá esquecido
no cacimbo
um cigarro
imaginário em pedaços de suor sobre a tua pele de cortinado
amanhecer
não não queiras
ser como eu... um desejo com sabor a envelhecer.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 1 de
Maio de 2014