oiço o suicídio do pescador de sonhos
no mar da tranquilidade
oiço as lágrimas do monte de sucata onde habita no meu corpo
e restos de chapa canelada, limalha de aço e pedaços de silêncio...
tomam conta do meu coração
(só, só, nunca estive tão só
e o vento não se cansa de soprar
em cada suicídio do pescador de sonhos)
a cidade atravessa o vale infinitamente belo
recheado com amêndoas
ovos de chocolate
e pássaros que inventam sonhos nas folhas emagrecidas das árvores do cemitério
as lápides
voam entre os restos de tristeza que sobejam das aboboras com olhos de mel
e as fotografias
oiço
(tomam conta do meu coração)
Oiço o suicídio do pescador de sonhos
no mar da tranquilidade
e percebo que estou completamente só junto ao rochedo dos sonhos
tomam conta do meu coração
as pedras
e as ervas
oiço
oiço a voz de uma sombra
oiço
vestida de mulher
(poema não revisto)