Friamente habitar no teu corpo
ardente
quando tropeço no mar
absorto
morto
sem vontade de acordar
friamente os sorrisos da alvorada
como cinco gaivotas envenenadas pelos silêncios da noite
amadas sobre o divã invisível poisado no pavimento sem esquinas de luz
nos corredores da morte
friamente o Tejo me engole quando mergulho dentro dos lençóis da solidão
um barco é impossível
nas coxas de um cacilheiro em direcção ao Seixal
e entra em mim o cheiro suficiente para me fazer sonhar
há a possibilidade de eu acordar no solo lunar da margem Sul
sentado numa pedra a imaginar palavras nas ardósias do infinito
serei feliz assim?
Metade de mim xisto
e a outra metade
pequenos grãos de pólen
nos desejos das abelhas
serei amado?
Quando todas as portas se encerram friamente
no sono das estrelas preguiçosas
alegremente
assim?
Serei?
Quando tropeço no mar
e de uma rosa de papel
um beijo acorda
abraçado a fios de nylon...
(poema não revisto)
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