quinta-feira, 30 de agosto de 2012

o pescador de sonhos


oiço o suicídio do pescador de sonhos
no mar da tranquilidade
oiço as lágrimas do monte de sucata onde habita no meu corpo
e restos de chapa canelada, limalha de aço e pedaços de silêncio...

tomam conta do meu coração

(só, só, nunca estive tão só
e o vento não se cansa de soprar
em cada suicídio do pescador de sonhos)

a cidade atravessa o vale infinitamente belo
recheado com amêndoas
ovos de chocolate
e pássaros que inventam sonhos nas folhas emagrecidas das árvores do cemitério
as lápides
voam entre os restos de tristeza que sobejam das aboboras com olhos de mel
e as fotografias
oiço

(tomam conta do meu coração)

Oiço o suicídio do pescador de sonhos
no mar da tranquilidade

e percebo que estou completamente só junto ao rochedo dos sonhos
tomam conta do meu coração
as pedras
e as ervas

oiço

oiço a voz de uma sombra
oiço
vestida de mulher

(poema não revisto)

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