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foto de: A&M ART and Photos
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imagino-te sentada numa rocha, nua, cansada,
despida... imagino-te, nua, triste, alegre, vadia... correndo sobre o
mar, imagino-te, Mulher do mar, veneno, palavras não escritas, nas
mendigas folhas de papel, imagino-te, nua... nua voando sobre os
lençóis da alvorada, um anjo com asas de vidro e lábios de
cristal, a preciosa mulher do mar, a mulher do verdadeiro amar...,
como as árvores de porcelana vagueando sobre os cabelos nocturnos da
alvorada, saciando o teu desejo, construindo em ti os prazeres
infinitos das equações diferenciais,
Triplas integrais correndo sobre o rio agoniado,
Sentávamos-nos um sobre o outro, brincávamos como
artistas plásticos desenhando corpos invisíveis nas clarabóias do
imaginário sofrimento, gemias, uivos e pingos de suor como pássaros
vaiados nas manifestações do amor,
Equações dos mamilos heterogéneos como sílabas
de cansaço, teus braços nos meus braços, teus lábios nos meus
lábios..., tu dentro de mim, assim, uma rocha recheada de sémen,
uma lâmina de luar deitado na varanda virada para o rio, ao longe, o
petroleiro esquecido procurando anzóis envenenados e pequenas
migalhas de ferrugem, saciar-me de ti como tu sem dizes,
Existo, e sou mulher,
O que é ser feliz?
Imagino-te sentada sobre mim, imagino-te em
trapézios de mãos entrelaçadas, fugindo, correndo,
escondendo-se..., imagino-te, assim, nua, em mim, imagino-te sendo o
mar vestido de gaivotas com sorriso encarnado, o pôr-do-sol, ou...
Existo, e sou mulher, existo e preciso de prazer, de
ser acariciada, e amada, simplesmente como são as flores, e as
abelhas, e os poemas esquecidos sobre a mesa-de-cabeceira, escritos
para ti, poemas, palavras embriagadas, estonteantes, palavras
mendigas, vagabundeando a cidade amaldiçoada, imagino-te amada, mal
amada, imagino-te só... enrolada no travesseiro, embrulhada nos
lençóis de seda com nuvens verdejantes, triplas integrais correndo
sobre o rio agoniado, barcos e barcaças e velhos cacilheiros,
vomitando, agoniados, frases de paixão adormecida, peixes comendo
algas, as tuas algas, e tu, sobre mim
Nua, recheada de sémen e incenso, em
tridimensionais desenhos, cubos olho-te e de nua nada tens, olho-te e
de integral... apenas o símbolo, escorrendo da tua boca como saliva,
como ninguém,
Existo, e sou mulher,
O que é ser feliz?
E lábios de cristal, a preciosa mulher do mar, a
mulher do verdadeiro amar..., como as árvores de porcelana vagueando
sobre os cabelos nocturnos da alvorada, saciando o teu desejo,
construindo em ti os prazeres infinitos das equações diferenciais,
Triplas integrais correndo sobre o rio agoniado,
vogais suicidadas no mural da felicidade, vejo-te e sinto-te, dentro
de mim, nua, apenas em esqueleto de desejo como melódicas canções
de amor, imagino-te, imagino-te... imagino-te,
Chorando, rindo, sonhando, imagino-te..., imagino-te
sentada numa rocha, nua, cansada, despida... imagino-te, nua, triste,
alegre, vadia... correndo sobre o mar...
Nua, dentro de mim, cambaleando como tempestades de
areia...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó