Uma certa noite, Deus
percebeu que não tinha mais nada para fazer, meteu as mãos na algibeira e pensou,
Que faço agora?
Pensou, pensou, pensou…
E de tanto pensar, resolveu
criar o homem (Adão).
Não contente com a sua
criação, começou a caminhar em pequenos círculos às voltas de uma fogueira e
pensou…
Isto não me agrada nada,
mesmo nada.
Até que teve a brilhante
ideia de criar a mulher (Eva), e depois a vagina.
Adão olha a mulher, olha
a vagina, ficou um pouco acabrunhado e em cortinados de timidez porque era a
primeira vez que via algo de tão belo, e pergunta a Deus,
Meu Deus, elas são tão
belas.
Deus olho-o e
responde-lhe
Sim, sim, elas são muito belas,
mas agora tens de trabalhar, vês aquela pedra, ao lado da nespereira que mesmo
à pouco criei?
Sim, meu Deus, vejo.
Vais até lá, sentas-te
sobre a pedra e com a maquineta das fotocópias vais ficar a noite toda a
fotocopiar a mulher (Eva) e a vagina.
Adão dirigiu-se até ao pedregulho,
sentou-se, puxou de um cigarro, ligou à corrente eléctrica a maquineta das
fotocópias e vai nisso,
Toca a fotocopiar
vaginas.
Concluindo ao romper da
manhã que todas as vaginas eram iguais, e que a única diferença estava nas
vaginas cerebrais, estas sim, diferentes de corpo para corpo, subiu o talude e
deitou-se junto a Eva.
(é sempre bom relembrar
que o autor deste texto adora a mulher, a vagina, mas entre as duas vaginas, às
vezes, a vagina cerebral é aquela que nos dá mais prazer)
E Deus fez o homem e a
mulher com o intuito de estes procriarem e que a espécie humana continuasse por
muitos milhões de anos, mas Deus esqueceu-se de explicar ao nosso querido Adão
e à nossa querida Eva o que era o prazer, e assim, ambos, aos poucos, enquanto
a noite se masturbava nos lábios da lua, foram descobrindo o significado do
prazer.
Adão, olha para as mãos,
e com elas começa a acariciar todo o corpo de Eva, e esta em pedacinhos de
gemido, de olhos cerrados, contorcia-se parecendo um arbusto quando o vento
incide e em pequenos círculos, este, inicia uma dança geométrica e infinita
como
se houvesse uma pauta,
pauta essa onde constavam todas as notas do prazer.
Depois cobriu-a de
beijos, beijando cada pedacinho do corpo de Eva.
Adão sentia-se nas
nuvens,
Deus já dormia, acordou
com todos aqueles gemidos, sentou-se na cama e tapou os ouvidos com as mãos,
Adão sorria-lhe, Eva
desenhava um pequeno sorriso; o resultado da resolução da equação do prazer; o
primeiro orgasmo.
(quer o autor salientar
que sendo a mulher e a vagina a maior criação de Deus, porque todo o resto que
criou é merda, o autor considera que a vagina cerebral é sem dúvida a maior
criação de Deus)
Quem nunca sentiu prazer
enquanto lê um texto, um poema ou enquanto olha para uma qualquer obra de arte?
A esse prazer todo, Deus todo-Poderoso,
criador do céu e da terra, chamou-lhe de orgasmo cultural.
Pela manhã, Deus acorda,
levanta-se da cama e quando sai para a rua e acende um cigarro, vê o Adão e a
Eva, deitados no chão, abraçados, acorda-os e pergunta-lhes,
Então, meus filhos?
Eva olha-o e
responde-lhe,
Maravilhoso, meu Deus.
Maravilhoso.
(não acreditando o autor em
Deus, e respeitando o autor todos os credos e fés, e respeitando muito o autor
a mulher e tudo oque ela representa,
pede o autor desculpa a todos aqueles que possam sentir-se ofendidos; não é o
intuito deste texto de ficção ofender nada nem ninguém)
Alijó, 13/01/2023
Francisco Luís Fontinha
(ficção)