Sou
o Sol que te aquece nas noites de geada.
Sou
a parede do teu quarto que te acorda na madrugada.
Sou
uma criança mimada.
Que
brinca na sombra da alvorada.
Sou
pedra perfumada.
Sou
poema da palavra iluminada.
Sou
o mar enfurecido numa Lisboa amada.
Sou
livro, sou palavra assassinada.
Sou
criança em risada.
Sou
menino sem nada.
Sou
espingarda.
Pistola
abandonada.
Sou
soldado do amor à procura de nada.
Sou
eu que te escrevo na noite calada.
Sou
calçada.
Sou
o desejo no teu olhar, sou palavra riscada.
Sou
o Sol, e mais nada.
Sou
pedra cansada.
Sou
socalco olhando o rio da saudade, sou a felicidade da hora amargurada.
Mas
no final do dia, não sou nada!
Nada!
Apenas
uma bandeira hasteada.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
12/10/2019