sábado, 12 de outubro de 2019

Noites de geada


Sou o Sol que te aquece nas noites de geada.

Sou a parede do teu quarto que te acorda na madrugada.

Sou uma criança mimada.

Que brinca na sombra da alvorada.

Sou pedra perfumada.

Sou poema da palavra iluminada.

Sou o mar enfurecido numa Lisboa amada.

Sou livro, sou palavra assassinada.

Sou criança em risada.

Sou menino sem nada.

Sou espingarda.

Pistola abandonada.

Sou soldado do amor à procura de nada.

Sou eu que te escrevo na noite calada.

Sou calçada.

Sou o desejo no teu olhar, sou palavra riscada.

Sou o Sol, e mais nada.

Sou pedra cansada.

Sou socalco olhando o rio da saudade, sou a felicidade da hora amargurada.

Mas no final do dia, não sou nada!

Nada!

Apenas uma bandeira hasteada.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

12/10/2019

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