sexta-feira, 11 de outubro de 2019

A pedra adormecida


Aqui estou eu;

Sentado sobre esta pedra adormecida pelo cacimbo.

Aqui estou eu pensando nas metástases nocturnas da infância,

Junto ao mar,

A revolução avança,

O soldado tomba na penumbra, morre.

Cada soldado tem um pai,

Cada soldado tem uma mãe,

Cada soldado tem mulher, filhos, irmãos…

E uma espingarda na mão,

Que dispara palavras.

Aqui estou eu;

Sentado no teu colo,

Afago-te o cabelo,

E mais logo,

Ao final da tarde,

Um pássaro de papel invade o teu olhar.

É isto o amor.

Amar,

Ser amado,

E escrever palavras no chão molhado.

Aqui estou eu;

Sentado numa pedra adormecida (pelo cacimbo).

Sei que respiro,

Sei que estou vivo,

Porque escrevo,

Beijo,

E não me sinto perdido.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

11/10/2019

Sem comentários:

Enviar um comentário