quinta-feira, 10 de outubro de 2019

O poema da saudade


Sou um assassino de palavras.

Quando tenho saudades tuas, olho-me no espelho da noite,

Invento traços no meu rosto,

E as lágrimas do silêncio poisam nos meus lábios.

À noite, sinto a tua presença no meu peito.

Uma fechadura poeirenta alimenta-se do meu cansaço,

Como o rio que corre para o mar,

Sem nunca se cansar.

Mas eu, canso-me da tua ausência.

Estranho.

As rosas do nosso jardim adormeceram depois de partires…

E, e até as bananeiras estão tristes,

Estranhas,

Que quase nem me falam.

O poema da saudade cresce na minha mão,

Como um cancro no peito da madrugada.

Cerrei todas as janelas do meu pensamento,

Não penso,

Deixei de pensar; apenas penso em ti.

Mas começo a perceber que não me ouves.

Mas começo a perceber que a vida é construída de momentos,

Bons, os nossos,

Lindos,

Como o teu sorriso,

Como o teu olhar a pedir-me que te ajudasse…

Mas sabes que eu,

Eu nada podia fazer; apenas recordar-te…

Apenas e nada mais do que isso.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

10/10/2019

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