tínhamos
nas veias a fúria das tempestades de areia
mergulhadas
nas madrugadas envenenadas
a
solidão da esperança
de
nunca ancorarmos ao silêncio
e
de ele alicerçado aos nossos braços
éramos
crianças
e
dançávamos sobre a toalha límpida do mar
havia
sempre um telhado zincado ao nosso alcance
uma
esplanada abandonada
uma
ou duas ou três cadeiras sem ninguém
sentávamo-nos
e voávamos em direcção ao nada…
para
depois adormecermos na praia
ao
relento
o
monstro da noite
vinha
das árvores
trazia-nos
palavras rasuradas numa triste ardósia
que
só o tempo conseguiu apagar
sem
demora
sentávamo-nos
em círculos
quadrados
sombras
geométricas na clandestinidade…
para
morrermos na aldeia mais próxima
da
infância
desprovidos
dos segredos das fotografias poisadas nas nossas mãos
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
sábado,
7 de Novembro de 2015