Francisco Luís Fontinha - Setembro/2015
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
Gruta da paixão
A
paixão é uma estrada sem saída,
Masturba-se
nas sílabas do poema,
Desce
cansada a Calçada da Ajuda,
Sobe
as escadas, deita-se na doce cama…
Adormece,
Esquece,
A
fama,
E…
e ninguém a ajuda,
A
paixão é uma prostituta,
Anda
de coração em coração,
Luta,
E
grita,
Amo-te…
Ai
a paixão!
Sempre
à escuta,
Como
os pregos do meu caixão,
A
paixão,
O
que é a paixão?
Quando
a vida é um amontoado de silêncios escondidos dentro de uma gruta…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira,
2 de Setembro de 2015
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
O dardo do silêncio
Tão
só meu amor
Com
este dardo de silêncio cravado no meu peito,
Ouvido
o grito da madrugada
Embriagada
pelo saber,
Escrevendo
no teu corpo as palavras de envelhecer,
Tão
triste meu amor
A
manhã antes de acordar,
O
soalheiro abdómen da sílaba embriagada mergulhando no suicídio,
O
mar
Correndo
nas tuas veias,
Circunferências
de prata brincando nos teus seios,
Meu
amor,
Tão
triste estar só,
Tão
triste sentar-me numa esplanada e perceber que estou só…
Eu
e aminha sombra,
Imaginando
o rio junto aos meus pés brincando com as minhas palavras,
Inventando
crianças alicerçadas a um passeio da cidade imaginária,
Viver
não vivendo as cúbicas gotículas de suor descendo o teu púbis…
Tenho
medo meu amor,
Tenho
medo de encerrar o meu coração
E
fazer dele uma monta não acessível,
Tenho
medo meu amor
De
abraçar-te sabendo que não é possível abraçar-te…
Tão
só meu amor
Com
este dardo de silêncio cravado no meu peito,
Os
engates fictícios num livro de ficção,
Um
poema masturbado olhando um murro de xisto cansado,
E
eu
Meu
amor
Aqui…
tão só… cansado,
Acaricio-te
na tela da solidão,
Pego
na tua mão,
Desenho
os teus lábios no meu peito,
Aquele…
cravado com um dardo de silêncio,
E
nunca estou feliz
Meu
amor,
E
nunca estou vivo
Meu
amor,
Pareço
um petroleiro desajeitado não encontrado o Oceano da paixão,
Sou
um marinheiro solitário,
De
cachimbo na mão…
Gritando,
Meu
amor
Meu
amor,
O
mar,
Correndo
nas tuas veias,
A
maré saltitando nos teus seios,
E
sabes
Meu
amor,
A
prata é uma cânfora manhã desejada,
Envaideces-te
e escondes-te,
Corres
e não regressas mais à minha janela…
Porque
não tenho casa…
Porque
não tenho janela.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira,
31 de Agosto de 2015
domingo, 30 de agosto de 2015
Próximo amanhecer
Não
espero nada do próximo amanhecer,
Não
sei se amanhã haverá amanhecer…
Não
sei se estarei acordado para o ver,
No
próximo amanhecer
Quero
estar junto ao mar,
Desenhar
na maré o rosto do silêncio,
E
escrever,
Sentar-me
sobre uma pedra imaginária,
Olhar-te
sem te ver…
No
próximo amanhecer,
Escreverei
palavras no teu olhar?
Não
o sei…
Não
o sei sem sofrer,
Não
o sei…
Não
o sei sem te amar!
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Domingo,
30 de Agosto de 2015
sábado, 29 de agosto de 2015
As espingardas do coração abandonado
Deixou
de habitar este corpo a paixão diabólica da alma sem destino,
Deixaram
de escrever as palavras do vento estas mãos esfarrapadas,
Longínquas
do olhar da madrugada,
O
medo alicerça-se ao peito, as facas do silêncio grunham como as serpentes
envenenadas pela noite,
O
tédio quando esqueço a solidão e construo círculos de luz nos teus seios…
O
teu corpo desabitado, encurralado nas cordas de nylon dos Oceanos mendigados,
E
não consigo perceber o amor das flores desenhadas nos teus lábios perfumados,
Como
nunca percebi o desejo em mim do estranho luar…
E
este mar, meu amor,
Crucificado
nas espingardas do coração abandonado,
Semeado
nas searas do cansaço…
É
triste, meu amor…
Deixar
de habitar este corpo a paixão diabólica da alma sem destino,
É
triste, meu amor…
Cair
sobre mim o tecto do sofrimento junto ao Tejo,
E
os Cacilheiros na minha boca… sufocando-me com o relógio enforcado nas pontes
do Cacimbo fugindo do pôr-do-sol…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Sábado,
29 de Agosto de 2015
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