Tão
só meu amor
Com
este dardo de silêncio cravado no meu peito,
Ouvido
o grito da madrugada
Embriagada
pelo saber,
Escrevendo
no teu corpo as palavras de envelhecer,
Tão
triste meu amor
A
manhã antes de acordar,
O
soalheiro abdómen da sílaba embriagada mergulhando no suicídio,
O
mar
Correndo
nas tuas veias,
Circunferências
de prata brincando nos teus seios,
Meu
amor,
Tão
triste estar só,
Tão
triste sentar-me numa esplanada e perceber que estou só…
Eu
e aminha sombra,
Imaginando
o rio junto aos meus pés brincando com as minhas palavras,
Inventando
crianças alicerçadas a um passeio da cidade imaginária,
Viver
não vivendo as cúbicas gotículas de suor descendo o teu púbis…
Tenho
medo meu amor,
Tenho
medo de encerrar o meu coração
E
fazer dele uma monta não acessível,
Tenho
medo meu amor
De
abraçar-te sabendo que não é possível abraçar-te…
Tão
só meu amor
Com
este dardo de silêncio cravado no meu peito,
Os
engates fictícios num livro de ficção,
Um
poema masturbado olhando um murro de xisto cansado,
E
eu
Meu
amor
Aqui…
tão só… cansado,
Acaricio-te
na tela da solidão,
Pego
na tua mão,
Desenho
os teus lábios no meu peito,
Aquele…
cravado com um dardo de silêncio,
E
nunca estou feliz
Meu
amor,
E
nunca estou vivo
Meu
amor,
Pareço
um petroleiro desajeitado não encontrado o Oceano da paixão,
Sou
um marinheiro solitário,
De
cachimbo na mão…
Gritando,
Meu
amor
Meu
amor,
O
mar,
Correndo
nas tuas veias,
A
maré saltitando nos teus seios,
E
sabes
Meu
amor,
A
prata é uma cânfora manhã desejada,
Envaideces-te
e escondes-te,
Corres
e não regressas mais à minha janela…
Porque
não tenho casa…
Porque
não tenho janela.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira,
31 de Agosto de 2015
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